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Boa Vista das Missões realiza mais uma edição do Dia de Campo Integração Lavoura-Pecuária

O evento que apresenta o sistema Integração Lavoura-Pecuária (ILP) já é tradição em Boa Vista das Missões, região noroeste do Rio Grande do Sul.


O evento que apresenta o sistema Integração Lavoura-Pecuária (ILP) já é tradição em Boa Vista das Missões, região noroeste do Rio Grande do Sul. Este ano, mais uma edição foi realizada na Fazenda Librelotto no dia 17/08, com a participação de cerca de 600 pessoas, entre produtores, estudantes e entidades ligadas ao setor.

Os destaques do dia de campo ficaram por conta da apresentação das fazendas Librelotto e Busanello, vizinhos na comunidade de Linha São Marcos, que adotaram o sistema de integração lavoura-pecuária há cerca de oito anos.

Fazenda Librelotto

Na Fazenda Librelotto o planejamento integrado aumentou a média anual de produção de grãos de 2.400 sacos para 10.260 sacos, investindo em culturas como milho, soja e trigo duplo propósito (pasto e grãos). No engorde de novilhas o retorno saltou de 10 toneladas/ano para 82 toneladas/ano com boa oferta de forragem distribuída ao longo dos meses.

Na média de três anos, os números impressionam: milho 158 sacos por hectare (sc/ha), soja 64 sc/ha, trigo DP 35 sc/ha e carne 300 kg/ha. "Nós não fazemos nada de extraordinário aqui. O nosso trabalho é na simplicidade, investindo em tecnologias acessíveis e que podem ser utilizadas em qualquer propriedade", contou o produtor Ivonei Librelotto.

Resultados apresentados pelo produtor Ivonei Librelotto:

Ivonei garante que, com o sistema ILP, diferente do convencional, utiliza o solo 90% do ano. A otimização da área resulta em ganhos na agropecuária, além de otimizar a mão de obra e o maquinário. "O sistema ILP é o que equilibra minha propriedade, onde a agricultura traz benefícios à pecuária e a pecuária para a agricultura. Os efeitos da pecuária no solo, por exemplo, são mais benéficos do que prejudiciais", afirmou Librelotto.

Os benefícios do ILP para o solo são confirmados pela equipe da UFSM- Campus Palmeira das Missões: "As análises de solo têm demonstrado melhoria na fertilidade com a presença dos animais. Há uma ciclagem de nutrientes que garante a diversidade do ambiente com a utilização dos recursos naturais de forma mais eficiente", explica o professor Paulo Almeida. "O ILP tem dinamizado os sistemas produtivos e trazido bons resultados nos rendimentos de grãos e na qualidade das pastagens", conclui o professor João Pedro Velho.

Fazenda Busanello

Ari Busanello conta com a recente formação do filho Marcos em zootecnia para "aprimorar o que já está bom", como declarou o produtor que trabalho no aproveitamento integral da propriedade voltada à produção leiteira. A aveia vai para a fabricação de concentrado, o milho se transforma em silagem e o trigo garante boa oferta de pasto, com 3 a 4 ciclos de pastejo no inverno. "É preciso pensar no conjunto, isto é, no solo, na genética, nas culturas da rotação e na qualidade das pastagens. Ações isoladas não viram resultado no bolso", conta Busanello que mantém o plantel com média de produção de 24 litros/leite/dia.

Novidades

As novas tecnologias para o melhor resultado em pastagens foram temas da Agrobon, que apresentou alternativas para o controle de plantas daninhas, e da Embrapa Trigo, que teve como destaque a apresentação de uma nova cultivar de trigo duplo propósito.

De acordo com o pesquisador Ricardo Lima de Castro, o trigo BRS Pastoreio deverá dividir área com a cultivar BRS Tarumã, que está no mercado há quase dez anos. "O BRS Pastoreio se destaca pela precocidade para pastejo e elevada produção de forragem e grãos. A principal indicação é a produção de silagem, já que a planta não possui aristas, filamentos na espiga do trigo, que costumam machucar a mucosa das vacas", explica Castro.

Segundo o produtor da Sementes Cometa, Ruben Kudiess, o BRS Pastoreio tem como diferenciais a produção de grãos 50% superior ao BRS Tarumã e a melhor sanidade. "Acredito que o BRS Pastoreio seja mais indicado ao engorde de gado, já que oferece grande produção de forragem mais cedo, ou para a produção de silagem após dois ou até três pastejos. Mas na produção de leite, ou na pecuária que depende da oferta de forragem distribuída ao longo do ano, acredito que o BRS Tarumã ainda é o mais indicado. O produtor consegue semear o trigo BRS Tarumã em fevereiro e pode fazer até 10 pastejos rotativos", avalia Kudiess, lembrando que "com o trigo DP você pode mudar o plano durante o jogo, direcionando a lavoura para produzir grãos ou manter a renda com produção de carne ou leite".

A recomendação do pesquisador Renato Fontaneli é investir em diferentes opções de forragem no inverno, como dividir a área entre azevém, aveia preta e trigo: "deixa o gado pastejar no trigo até o ponto de espigamento, passa para a aveia e, por último, para o azevém. Além da colheita de grãos, a palhada do trigo vai ajudar a semeadura de verão, protegendo o solo com a cobertura".

Outra estação que trouxe novidades no Dia de Campo tratou sobre secagem e armazenagem de grãos. A Emater/RS-Ascar construiu uma estrutura de silo para que os visitantes pudessem visualizar a simplicidade e eficiência dessa tecnologia de baixo custo e de aplicabilidade em qualquer propriedade. O assistente técnico regional de sistemas de produção vegetal da Emater/RS-Ascar, Edison Dornelles, e o engenheiro agrônomo, Maicon Bisognin, apresentaram o protótipo construído na estação com capacidade para 1,5 mil sacos. "A secagem do grão acontece com o uso de um ventilador de ar natural que, sem aquecimento, leva o ar para dentro do silo e, de forma homogênea, seca o grão. Sem o aumento da temperatura, a umidade do grão é retirada e não há perda proteica do produtor. A qualidade do grão se mantém, diferente de quando é utilizada alta temperatura na secagem", explicou Edison.

Segundo ele, este é um dos sistemas mais eficientes, de baixo custo e com grandes benefícios. "A qualidade mantida no grão reflete também na ração, que melhora a palatabilidade dos animais. Esta é uma estrutura simples e econômica, que também possibilita ao produtor armazenar sua produção por mais tempo, comercializando em épocas com melhores preços, garantindo maior renda", completou Dornelles.

Segurança e soberania alimentar, Agroindústrias e Artesanato

Uma novidade do Dia de Campo foi o espaço organizado junto às agroindústrias e artesanatos da região, dedicado à segurança e soberania alimentar. Na oportunidade, a Emater/RS-Ascar divulgou a Campanha Regional Produza seu alimento e colha saúde, uma ação realizada nos 42 municípios das regiões Médio Alto Uruguai e Rio da Várzea, com o objetivo de estimular a produção de alimentos para subsistência, promovendo segurança e soberania alimentar, através do incentivo de hábitos saudáveis, que também refletem na qualidade de vida das famílias.

O Dia de Campo ILP foi uma promoção da Emater/RS-Ascar, Embrapa Trigo, Agrobon, Sementes Cometa e Fazendas Librelotto e Busanello. O apoio foi do projeto ILPF.

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