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Bolívia já identifica quatro focos de febre aftosa

Tudo indica que a situação é bem mais grave do que vem sendo noticiada


Já são quatro os focos de febre aftosa detectados na Bolívia, informou o presidente do Conselho Nacional de Pecuária de Corte (CNPC), Sebastião Guedes. Os primeiros sinais da presença da doença ocorreu numa pequena propriedade na cidade de Quatro Cañada, a apenas 100 quilômetros da fronteira. A aquisição de 23 bovinos teria contribuído para a contaminação do rebanho que estaria vacinado.

"Tudo indica que a situação é bem mais grave do que vem sendo noticiada", acredita Guedes. Além de Quatro Cañada, foram encontrados animais com sintomas da doença em outras três propriedades, sendo que a última, em Beni, está localizada a 200 quilômetros do foco original, indicando uma situação endêmica na região. O vírus coletado em amostras dos rebanhos afetados são do tipo O, mas segundo o presidente do CNPC, não da mesma família do encontrado em setembro de 2005 em propriedades do Mato Grosso do Sul. "Esses vírus se assemelham aos encontrados na região Amazônica, o que indica que se trata de uma endemia, mas sem qualquer identificação com os surtos ocorridos no Brasil".

Apesar de o rebanho boliviano não ter importância, uma vez que representa apenas 4% do rebanho brasileiro, o equivalente a 8 milhões de cabeças, o foco detectado na Bolívia deixou os pecuaristas brasileiros preocupados, declarou o presidente da Comissão de Pecuária de Corte da CNA, Antenor Nogueira. Apesar de ter um rebanho modesto, a Bolívia está na fronteira de dois dos estados de maior população bovina e principais exportadores de carne do País, afirma Nogueira. Para ele, um foco com fortes indicações de que pode fugir ao controle das autoridades sanitárias, é devastador para o Brasil.

Fora de controle

Para Guedes, a febre aftosa boliviano revela ao mercado mundial que a presença do vírus na América do Sul é endêmica e que os esforços para o controle da doença têm produzido pouco resultado. Outro motivo de tensão é o desmonte do sistema de vigilância sanitária promovido pelo governo do presidente Evo Morales, com a demissão de centenas de fiscais, o que podem deixar a doença fora do constrole, informa Guedes.

Para o presidente do CNPC, a contaminação do rebanho não passa de "desmazelo". O descuido na questão sanitária induz à constatação de que há febre aftosa não só na Bolívia, mas também em outros países andinos. Guedes acredita que a febre aftosa, "com certeza" contamina também o rebanho do Paraguai. Todos esses indícios, segundo acredita, constituem um obstáculo para a expansão das exporta.

Congresso para carne

As informações foram dadas durante apresentação dos palestrantes americanos James Butler e Phil Bradshaw, que participarão do Congresso Internacional de Carne, a ser realizado em São Paulo a partir de 25 abril. Bradshaw é especialista no controle de febre aftosa, mas com a função de proteger o rebanho americano, uma vez que a doença no EUA está erradicada há 75 anos.

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