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Brasil amplia presença no mercado mundial de café


Em 300 anos de tradição no mercado internacional, o Brasil nunca exportou tanto café como atualmente. As vendas da safra 2002/03, encerrada em 30 de junho, se situam em 29,2 milhões de sacas de 60 quilos. O volume é considerado sensacional pelas indústrias e produtores brasileiros. Isto porque os embarques colocam o País em posição de destaque no mercado internacional, com 33% de participação na comercialização mundial de café, o que representa um aumento de 20% sobre a participação brasileira na safra anterior, segundo dados da Coffee Business, empresa de consultoria do mercado de café. A maior penetração do produto brasileiro no mercado internacional se verifica, principalmente, a partir de 2001, quando as exportações brasileiras somaram 23,1 milhões de sacas, um aumento de 28,6% sobre as vendas de 2000. Neste ano o Brasil abocanhou 25,7% do mercado mundial. A colheita de uma safra recorde, avaliada em 48 milhões de sacas, no período 2002/03 deu fôlego suficiente para que o País aumentasse substancialmente sua presença no mercado externo, alcançando 31,5% em 2002 e mantendo 33% durante o ano safra 2002/03. "É provável que a queda da safra atual do Brasil, estimada em 40%, provoque alguma redução das exportações na safra 2003/04", avalia Miguel Barbosa do Rosário, diretor do Coffee Business.

Desempenho positivo

Estimativas iniciais apontam para exportações de 26,5 milhões de sacas ao longo de 2003, o que deve garantir ao Brasil algo em torno de 30% participação de mercado. Uma das mais tradicionais empresas exportadoras do Brasil, a Exprinsul, comercializou ano passado 1 milhão de sacas de café no mercado mundial, volume que deve cair 30% este ano, para algo em torno de 700 mil sacas, em virtude da queda da produção.

A medida que as vendas do Brasil crescem, as exportações de importantes concorrentes à exemplo do Vietnã, Colômbia e Indonésia, se retraem. Na verdade, a acentuada queda dos preços internacionais, que desabaram entre os anos de 2000 e 2002 impossibilitou ao produtores menores a continuidade das vendas externas. "Como o Brasil tem tradição secular na cafeicultura, e é o maior produtor mundial, conseguiu manter o ritmo de presença crescente no mercado internacional a despeito dos preços baixos", avalia Guilherme Braga Pires, diretor Geral Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé). As cotações do produto começaram a cair em 1998, quando a Organização Internacional do Café (OIC) suspendeu o programa de cotas de exportação, o que gerou um forte aumento da oferta mundial de café.

Retração dos preços

Levantamento da OIC mostra os preços médios compostos ( incluindo as cotações médias do café robusta e conillon) que em 1998 eram de 0,98 centavos de dólar por libra-peso, despencaram para 0,41 centavos de dólar por libra-peso em meados de 2001, voltando a se recuperar no segundo semestre do ano passado, até os patamares atuais de 0,53 centavos de dólar por libra-peso. Historicamente os preços internacionais do café são bem remuneradores, com a ocorrência de alguns desequilíbrios pontuais entre a oferta e a demanda que afetam o comportamento das cotações. A primeira crise mundial da cafeicultura data de 1906, quando a demanda mundial era estimada em 20 milhões de sacas e somente o Brasil produziu 18 milhões de sacas. Depois disso, o País chegou a responder na década de 1930 por 60% do mercado mundial de café, caindo para 45% na década de 1970, quando o mercado mundial era avaliado em 65 milhões de sacas, e finalmente para 18% na década de 1980. "A redução das vendas brasileiras ocorreu em sintonia com algumas políticas de valorização dos preços internacionais do café", diz Braga Pires. Ao final da década de 1980, a extinção de políticas de retenção propostas pela OIC, superofertou novamente o mercado mundial, derrubando as cotações para os patamares de 0,30 centavos de dólar por libra-peso. A retração dos preços perdurou até meados de 1993 quando foram retomados programas de retenção das exportações e uma forte geada dizimou parte dos cafezais do Brasil. Resultado: os preços do café chegaram a 2,00 centavos de dólar por libra-peso por saca. O fim das cotas de exportações em 1998 deu origem ao cenário atual. Na década de 2000, Vietnã, Colômbia, Indonésia e Costa do Marfim se tornaram "players" de peso no mercado mundial de café.

Na safra 2002/03, por exemplo, as vendas do Vietnã somam 11,1 milhões de sacas, volume que garante ao país 12,7% do mercado mundial. O Vietnã é o maior concorrente do Brasil no segmento de café robusta desde o ano de 1998. A Colômbia, segundo maior exportador de café arábica, com 10% do mercado mundial -- atrás do Brasil, que detém 40% do segmento -- se apresenta como maior concorrente do País, ao mesmo tempo que forma com o produto brasileiro uma combinação interessante: "Os blends de cafés brasileiros e colombianos são os mais consumidos do mundo, em especial por compradores de alto poder aquisitivo com Scandinávia e Alemanha", comenta um trader.

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