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Brasil desenvolve soja para ser consumida

Cultivar, quando colhida verde, é consumida como prato popular oriental


Foto: Kadijah Suleiman

A soja brasileira pode chegar nas cozinhas orientais nacionais que importam o produto para pratos típicos. Trata-se da cultivar BRS 267, conhecida como soja verde ou hortaliça.A tecnologia é fruto do programa de melhoramento da Embrapa Soja para desenvolvimento de sojas especiais para alimentação humana. 

A variedade é excelente para consumo como edamame, um alimento tradicional no Oriente, especialmente no Japão onde é servida com sal. A cultivar produz grãos grandes, de sabor suave, que apresentam textura similar a outras leguminosas como grão-de-bico, ervilha verde e alguns tipos de feijões. O preparo é fácil, com rápido cozimento, e pode ser consumida em lanches como snacks, ou compor pratos como sopas e saladas.

Esse potencial pode expandir o mercado da leguminosa e ser fonte de renda para pequenos produtores de orgânicos. Hoje o que é consumido no país vem importado da China em pacotes com vagens ou grãos congelados para ser ofertado em restaurantes especializados. A variedade brasileira pode se encaixar aí.

A variedade existe desde 2006 e por ser convencional, pode ser utilizada em sistema de produção convencional ou adaptada à produção orgânica e para ser edamame precisa ser colhida no ponto certo. “Deve ser colhido no estádio R6, com grãos formados, verdes e completamente cheios. Esse período de colheita é muito curto e dura de dois a quatro dias”, diz o pesquisador da Embrapa José Ubirajara Moreira .

A pesquisa de soja comestível é realizada pela Embrapa há 35 anos. A cultura da soja para edamame apresentou bons resultados em diferentes condições edafoclimáticas, ou seja, de clima e solo. Inicialmente recomendada para Santa Catarina, Paraná, São Paulo e sul de Mato Grosso do Sul, a cultivar também teve bom desempenho no Rio de Janeiro. A Embrapa Agroindústria de Alimentos, localizada na capital fluminense, desenvolveu protocolos de processamento utilizando edamame produzido em lavouras no próprio estado, por meio de parcerias com agricultores.

Segundo a pesquisadora da Embrapa Claudia Jantalia, a ausência da cultura da soja no Rio de Janeiro fez com que a incidência de pragas e doenças fosse baixa. Ela explica que as características edafoclimáticas testadas fizeram com que a cultura reduzisse o ciclo em relação a outras regiões como o Paraná, o que a torna uma opção interessante para o produtor fluminense. Testes com a BRS 267 também estão sendo feitos em São Paulo. 

A pesquisadora da Embrapa Ilana Felberg lembra que, assim como toda soja, a cultivar BRS 267 deve ser cozida antes de ser consumida. Foram realizados procedimentos para estabelecer as etapas e condições de processo que possam ser facilmente reproduzidos em cozinhas ou agroindústrias familiares. “O que fizemos foi avaliar e verificar a efetividade do tempo de cozimento na inativação de fatores antinutricionais para tornar seguro o consumo do produto,” conta.

A etapa de cozimento das vagens requer fervura em água e sugere-se o tempo de 20 minutos. Após o cozimento é necessário escorrer a água e, em seguida, mergulhar o recipiente com as vagens em água fria ou passar em água corrente até que esfriem, para interromper o cozimento e evitar o amolecimento excessivo das vagens. Depois da retirada do excesso de água, o produto pode ser acondicionado em embalagens adequadas ao tipo de estocagem. “O armazenamento pode ser por até cinco dias em temperatura de refrigeração, entre dois e oito graus Celsius, ou por até um ano em temperatura de congelamento de 18 graus negativos”, acrescenta a pesquisadora da Embrapa Renata Torrezan.
 

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