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Brasil é a maior prioridade para a Bayer

O presidente da Bayer CropScience, Friedrich Berschauer, afirmou que a tendência é que o Brasil se torne o País mais importante para os negócios de sua companhia


MONHEIM - A indústria agroquímica brasileira será o celeiro do mundo, superando os Estados Unidos, atuais líderes do setor, em dois anos. Com essa perspectiva, Friedrich Berschauer, presidente da Bayer CropScience, afirmou ontem que a tendência é que o Brasil se torne o País mais importante para os negócios de sua companhia.


No mesmo dia, o executivo anunciou na sede da companhia, em Monheim, na Alemanha, um investimento de 3,4 bilhões de euros em pesquisa e desenvolvimento até 2012.

O capital será voltado principalmente para inovação nas áreas de defensivos agrícolas, sementes e biotecnologia. Segundo Berschauer, a expansão dessas áreas irá garantir à companhia bases fortalecidas para um crescimento futuro.

Se, em 2006, o Brasil foi considerado um pesadelo para a Bayer CropScience, hoje a companhia alemã aposta no mercado brasileiro. Segundo Berschauer, o País tem um potencial enorme em terras cultiváveis em um momento em que o mundo passa por uma crise severa de abastecimento de alimentos.

No entanto, o que faz com que o Brasil ainda fique atrás dos Estados Unidos no setor agroquímico, segundo o executivo, é o fato de o governo norte-americano oferecer subsídios bilionários aos seus produtores.

"Estamos de olho nas medidas do governo brasileiro em relação ao agronegócio do País e também aos investimentos que ainda precisam ser feitos no setor", afirma o presidente do grupo.

Resultados

De acordo com os resultados divulgados ontem pela Bayer CropScience durante entrevista coletiva em sua sede em Monheim, o Brasil registrou um crescimento de 80% nas vendas de agroquímicos da empresa no primeiro semestre de 2008, ao passo que o mercado nacional de agroquímicos cresceu 50%.

"Acreditamos que o Brasil terá ainda mais peso em nossas atividades e o que ditará esse ritmo é a performance das commodities", diz o executivo.

Nas vendas totais do grupo, a Europa correspondeu por 50%. A América Latina, a África e o Oriente Médio tiveram expansão recorde de 30% nos primeiros seis meses do ano.

"No Brasil, em particular, nos beneficiamos do cenário positivo do mercado, dos altos preços das commodities agrícolas, da expansão das áreas cultiváveis e do recorde das exportações de cereais", afirma Berschauer, sem fornecer o resultado financeiro da participação brasileira no balanço semestral da companhia.

Nos primeiros seis meses do ano, os lucros da Bayer CropScience antes de impostos, taxas, depreciações e amortizações (Ebtida, na sigla em inglês) aumentaram 24% para 1,21 bilhão de euros.

As vendas totais da empresa foram de 3,78 bilhões de euros no primeiro semestre, alta de 13% em relação ao mesmo período do ano passado. As vendas de defensivos agrícolas subiram 17% para 3,15 bilhões de euros no período em comparação com os 2,7 bilhões de euros registrados no primeiro semestre do ano passado. A venda de fungicidas cresceu 39% em bases ajustadas.


"Fomos mais que recompensados em um cenário negativo em relação aos efeitos do câmbio com maiores volumes e aumentos de preços", diz o presidente da empresa.

"No primeiro semestre deste ano, nós fomos tão bem-sucedidos no aumento de volume de vendas como também nos reajustes de uma ampla gama de produtos no mercado", acrescenta Berschauer, não descartando a possibilidade de novos aumentos de preços para o segundo semestre de 2008, em função dos custos elevados com matérias-primas e energia.

Defensivos

A Bayer CropScience estima que o mercado de defensivos agrícolas tenha um crescimento de 10% este ano em bases ajustadas. As vendas da companhia para este ano também devem se situar em 10% de alta.

"Esperamos que os mercados continuem se desenvolvendo positivamente em 2009 e 2010. Projetos uma expansão significativa na América Latina, especialmente no Brasil, África e Oriente Médio", afirma Berschauer.

A Bayer CropScience também reviu suas metas de expansão: a companhia pretende aumentar as vendas de defensivos agrícolas em para mais de 1 bilhão de euros entre 2008 e 2010 por meio do desenvolvimentos de dez novos ativos químicos. Segundo o executivo da empresa, ainda este ano serão lançados um novo inseticida e um herbicida.

Segundo o Berschauer, a agricultura ainda é um tema que recebe pouca atenção dos políticos ao redor do mundo e há uma dificuldade em se reconhecer que as pesquisas na área são cada vez mais necessárias para responder aos desafios da produção de alimentos e otimizar os recursos agrícolas em uso. "Para garantirmos o fornecimento de alimentos para uma população mundial em constante crescimento, precisamos de uma verdadeira revolução verde", afirma.

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