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Brasil é intransigente nas negociações, diz órgão dos EUA


Um órgão ligado ao Congresso dos Estados Unidos qualifica o Brasil como um negociador "intransigente" e já antecipa um "atraso" no prazo ou uma "diminuição nos objetivos" da Alca (Área de Livre Comércio das Américas), prevista para começar em janeiro de 2005.

Segundo estudo realizado pelo Serviço de Pesquisas do Congresso norte-americano, a expectativa de fracasso da Alca poderá azedar ainda mais as relações dos Estados Unidos com o Brasil e deve levar os norte-americanos a uma estratégia que pode implodir de vez qualquer chance de sucesso para a conclusão das negociações para a implantação do bloco econômico.

"Os Estados Unidos estão prontos para se mover rapidamente em direção a acordos bilaterais com países da América Latina, diminuindo o poder de barganha coletivo de alguns, o que deve minar ainda mais o processo de formação da Alca", afirma o documento.

"O Brasil é muito menos dependente dos Estados Unidos do que outros países latino-americanos e tende a se dobrar menos à pressão americana do que, por exemplo, países da América Central"", diz o relatório.

O documento com a análise pessimista em relação ao ambicioso projeto de formar uma área de livre comércio entre 34 países das Américas foi encaminhado aos congressistas norte-americanos na semana passada.

Relatórios do tipo são, em alguns casos, as principais fontes de informação dos parlamentares americanos sobre o andamento de negociações e iniciativas da Presidência dos Estados Unidos e costumam pautar suas opiniões e decisões.

O documento afirma que o "colapso" das negociações comerciais no âmbito da OMC (Organização Mundial do Comércio), há algumas semanas em Cancún, no México, deixou o Brasil e os Estados Unidos diante de "caminhos cruzados" e em "posições opostas".

OMC

Na reunião da OMC em Cancún, o Brasil e a Índia, principalmente, lideraram o chamado G21 (grupo de países em desenvolvimento) contra a posição das nações desenvolvidas de não fazer concessões para o acesso em seus mercados agrícolas.

Dias depois da reunião no México, o representante de Comércio dos Estados Unidos, Robert Zoellick, responsabilizou diretamente o Brasil pelo fracasso das negociações --cujo resultado favorável poderia ajudar a acelerar a formação da Alca.

O relatório do órgão ligado ao Congresso americano também demonstra pouco otimismo com o resultado da próxima reunião ministerial da Alca, prevista para novembro deste ano, em Miami, nos Estados Unidos.

Um encontro preparatório para essa reunião começa hoje, em Trinidad e Tobago.

Atraso

""Se um consenso não for atingido em novembro, a Alca provavelmente será atrasada ou transformada em um acordo com objetivo menor, ou as duas coisas"", diz o documento.

O Congresso americano avalia ainda que, ""apesar do compromisso assumido"" entre os presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e dos EUA, George W. Bush, durante encontro em 20 de junho passado, ""os dois países seguem tendo noções muito distintas em relação ao que imaginam para a Alca"".

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