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Brasil e Peru disputam fosfato da Vale

A Companhia Vale do Rio Doce informou que estuda atuar de maneira integral na cadeia de fertilizantes, podendo fazer do país andino base de exportação para a América Latina


Durante o lançamento da pedra fundamental do projeto Bayòvar, de exploração de fosfato, no Peru, a Companhia Vale do Rio Doce informou que estuda atuar de maneira integral na cadeia de fertilizantes, podendo fazer do país andino base de exportação para a América Latina. O anúncio ocorre em um momento em que o governo brasileiro pressiona pela ampliação da oferta doméstica do insumo e cobra investimentos privados na área.


Do lado peruano, porém, a companhia também será pressionada a destinar boa parte da produção ao mercado local. A informação de que a mineradora analisa o assunto foi dada na sexta-feira por Tito Martins, diretor executivo de não ferrosos e energia da Vale, logo após o presidente do Peru, Alan Garcia, e sua equipe manifestarem a vontade de que o país seja auto-suficiente na produção de fertilizantes, já que as minas de fosfato de Bayòvar são conhecidas há mais de 60 anos.

"Nestas terras, em 1946, foram descobertas as jazidas de fosfato e gás natural", afirmou Garcia no início de seu discurso para uma platéia formada por autoridades, funcionários da Vale, representantes da sociedade civil e jornalistas. O presidente peruano prosseguiu a cerimônia de inauguração falando que "o aumento da demanda por alimentos e, conseqüentemente, por fertilizantes, que valorizou os preços [nos últimos dois anos], permitirão o inicio das explorações em Bayóvar 62 anos depois de descobertas as jazidas".

Juan Valdivia, Ministro de Minas e Energia do Peru, foi além e disse que o país pretende agregar valor ao fosfato. "Nos próximos meses teremos novos anúncios nesta área", antecipou Valdivia.

É sabido que o potencial de Bayóvar está atrelado ao patamar elevado de preço do barril do petróleo. A recente escalada das cotações da commodity - que voltaram a cair nas últimas semanas - foi acompanhada pelos fertilizantes, o que incentivou prospecções de áreas até então sem viabilidade econômica.

Nesse sentido, afirmou Martins, os planos de verticalizar a atuação da Vale estão baseados nas condições oferecidas pelo Peru, mesmo que o grande consumidor da produção da mineradora seja o Brasil. "Aqui [Peru], além do fosfato, existe disponibilidade de ácido sulfúrico e gás natural. é uma oportunidade muito boa", disse o executivo.

Caso os planos da Vale sejam concretizados, entre 2012 e 2013 a companhia já deverá estar com uma planta de produção de fertilizantes no país, provavelmente na região de Piura, onde está a mina de fosfato, e próximo de onde vai ser instalado um porto para o escoamento da produção pelo Oceano Pacífico. Segundo a companhia, o porto será construído a 40 quilômetros da unidade de fosfato.


Conforme o diretor da mineradora brasileira, há hoje 16 equipes de prospecção de áreas de exploração percorrendo o território peruano. "Com a ajuda do governo e das comunidades peruanas, esperamos obter êxito em novas áreas, assim como ocorreu em Bayòvar", afirmou Martins na cerimônia.

Os investimentos previstos na mina, situada no deserto de Sechura, são da ordem de US$ 479 milhões, sendo que US$ 49 milhões estão sendo aplicados neste ano. A capacidade de produção da unidade de exploração da Vale em Bayòvar é estimada em 3,9 milhões de toneladas por ano, com vida útil de 27 anos. A previsão da mineradora é que a partir de 2010 comece a extração de rochas fosfáticas da mina.

Trata-se da primeira área de fosfato da Vale. Outro projeto no segmento é o de Moçambique, ainda em estudos. Até Bayovar, as operações com minerais utilizados na produção de fertilizantes estavam concentradas na exploração de potássio em Sergipe (mina Taquari-Vassouras) e na prospecção por novas áreas na Argentina. No segundo trimestre, o volume de potássio vendido pela companhia cresceu 11,7% na comparação com o mesmo período de 2007, totalizando 181 mil toneladas.

A pressão do governo brasileiro pela auto-suficiência na produção de fertilizantes é explicada pelo fato de o país, uma potência agrícola, cobrir mais de 65% de suas necessidades com importações.

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