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Brasil permanece ativo e EUA mantêm discrição em reunião da Alca


O embate entre o Brasil e os Estados Unidos nas negociações comerciais tomou contornos mais discretos na reunião que discute, em Trinidad e Tobago, a criação da Área de Livre Comércio das Américas (Alca), disseram fontes da delegação brasileira nesta quinta-feira.

Segundo um dos representantes brasileiros, que pediu para não ser identificado, os EUA estão tendo uma posição discreta, enquanto os países do Mercosul --Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai - adotaram uma postura ativa nas discussões na cidade de Port of Spain.

Na reunião de Trinidad e Tobago, que termina na sexta-feira, há duas propostas sendo discutidas: uma apresentada pelo Mercosul e outra por um grupo de 13 países, encabeçado pela Costa Rica, México e Canadá. O Brasil e os Estados Unidos ficaram em lados opostos no encontro de Cancún, no México, em meados de setembro, quando os países membros da Organização Mundial do Comércio (OMC) tentaram avançar na liberalização do comércio mundial.

De acordo com o representante brasileiro, os EUA estão "escondidos" atrás da proposta para uma aliança abrangente, elaborada pela delegação da Costa Rica e denominada "Visão da Alca", que conta com o apoio do grupo dos 13 países. "Temos duas propostas em discussão: uma Alca ambiciosa, abrangente e outra chamada de Alca possível. Os EUA estão usando como escudo a (proposta abrangente) dos 13 países", disse a fonte.

O Brasil apresentou uma proposta acertada em conjunto com os demais países do Mercosul, que sugere a discussão de um menor número de temas. Os negociadores brasileiros acreditam que só assim poderá ser cumprido o prazo final de janeiro de 2005 para a conclusão das negociações para a criação da Alca.

O grupo dos 13, por outro lado, prefere que a proposta continue ambiciosa e que discuta, além da redução das tarifas, temas difíceis como compras governamentais, propriedade intelectual e leis antidumping, o que vai ao encontro do interesses norte-americanos. O Brasil prefere que esses tópicos sejam deixados para o âmbito da Organização Mundial do Comércio.

A reunião na cidade de Port of Spain tem como objetivo avaliar os quase nove anos de discussões sobre a Alca e preparar a Cúpula de Miami, que ocorre em novembro, e vai estabelecer o novo cronograma para as negociações da Alca em 2004. Se a Alca for concretizada, será a maior zona de livre comércio do mundo, com um mercado de 13 trilhões de dólares, 34 países e quase 800 milhões de pessoas.

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