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Brasil pode aderir a painel mundial da biodiversidade

País vinha se recusando a integrar iniciativa global para monitorar espécies


O governo brasileiro acenou nessa quinta-feira (02-08), pela primeira vez com a possibilidade de apoiar a criação de um mecanismo internacional de avaliação dos riscos da redução de espécies em todo o mundo. A idéia, lançada por cientistas de 11 países há dois anos, é compor um grupo para avaliar a perda da biodiversidade nos mesmos moldes que o IPCC (Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas) faz em relação aos danos do aquecimento global.

Em reunião com o vice-presidente do Imoseb (Mecanismo Internacional de Conhecimento Científico em Biodiversidade, sigla em inglês) nessa quata-feira (01-08), representantes dos ministérios do Meio Ambiente e da Ciência e Tecnologia afirmaram que a posição do governo agora é de apoiar a discussão. Em anos anteriores o país, que tem a maior biodiversidade do mundo, não demonstrara interesse em aderir ao painel.

"Acreditamos que é importante sintetizar essa imensa produção científica para orientar as políticas públicas sobre o assunto", afirmou Braulio Dias, diretor de conservação de biodiversidade do MMA.

Mas isso não significa, ainda, que o governo brasileiro já topou participar. Há dúvidas sobre qual formato deve ter este mecanismo e em qual contexto ele deve estar inserido. Dias defende, por exemplo, que ele fique sob o chapéu da Convenção sobre Diversidade Biológica, criada durante a Rio-92.

"Nós reconhecemos que a convenção fracassou até agora em mobilizar as capacidades da comunidade científica. Mas em vez de jogar fora e começar tudo de novo, vamos consertar o que já tem", completou.

Alguns cientistas envolvidos na formulação da proposta do Imoseb tendem a considerar que a convenção se tornou política demais, que lá não há espaço para as informações trazidas pela pesquisa científica. Críticos da CDB afirmam que ela é um fórum "travado", difícil de gerar acordos.

"Mesmo assim estamos felizes que agora o Brasil esteja se envolvendo", disse Michel Loreau, vice-presidente do Imoseb. "O importante agora é que existe um consenso de que precisamos criar um mecanismo que funcione, seja ele dentro ou fora da convenção, que construa uma base sólida de dados sobre o assunto e a envie para os tomadores de decisão."

A definição sobre o formato deste mecanismo deve ocorrer em novembro numa reunião em Montpellier, na França. Lá serão apresentados os resultados de consultas públicas feitas com comunidades científicas de vários países. É a chance de o Brasil apresentar sua proposta.

A discussão sobre o Imoseb ocorreu durante o lançamento do Instituto Virtual da Biodiversidade, no qual USP, Unesp e Unicamp se uniram à Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) para fazer a manutenção dos sistemas de informação desenvolvidos pelo programa Biota.

Criado em 1999, o projeto estuda a biodiversidade de São Paulo. Seu banco de dados conta com informações de aproximadamente 4.000 espécies de plantas, animais e microorganismos, incluindo as cerca de 500 novas espécies descobertas no período.

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