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Brasil pode atender demanda futura por trigo


A demanda mundial de trigo deve crescer 50% nos próximos 30 anos e o Brasil tem capacidade de participar mais efetivamente do abastecimento desse mercado. Essa é a opinião de Erivelton Scherer Roman, chefe-geral da Embrapa Trigo de Passo Fundo (RS).

O prognóstico se baseia no crescimento populacional e perspectivas de aumento de renda e de elevação do consumo. Hoje a produção do cereal é de 615 milhões de toneladas, de acordo com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). Para que o Brasil assuma papel de destaque como exportador de trigo, Erivelton defendeu que será importante expandir a cultura por regiões do país consideradas inapropriadas para o plantio até poucas décadas atrás.

"Existem áreas não-tradicionais, como o cerrado, que se apresentam não menos potenciais que as Regiões Sul e Sudeste", afirmou o dirigente na abertura da 13º Reunião da Comissão Centro Brasileira de Pesquisa de Trigo (RCCBPT), evento que começou nesta terça-feira (07-12) em Goiânia.

Segundo Erivelton, a intensificação do plantio de trigo no cerrado em sistemas de rotação com culturas já difundidas como soja e milho poderá abrir espaço para o Brasil se tornar não apenas um grande abastecedor do mercado internacional, mas também conquistar sustentabilidade na produção do cereal. "Temos a visão que é possível sonhar com a auto-suficiência e a produção de trigo para a exportação", disse.

Conforme Erivelton, o plantio de trigo no cerrado possui algumas características vantajosas para o agricultor em relação à Região Sul. Por exemplo, o trigo irrigado, cultivado depois da época das chuvas, permitiu maior segurança na manutenção da qualidade do produto, uma vez que o risco de precipitações pluviométricas na colheita é baixo.

Outro fator é que essa colheita coincide justamente com a entressafra, quando o produto está melhor cotado, devido à sua escassez nos estoques. Além disso, nesse período, o trigo importado da Argentina ainda não entrou no mercado nacional.

Em sua palestra na 13º RCCBPT, Erivelton ressaltou que é necessário conferir competitividade ao trigo nacional por meio do aumento da produtividade e da redução dos custos de produção. Entretanto, ele alerta que esta não é tarefa fácil, pois os insumos estão caros e uma maior produtividade acompanhada de elevados gastos pode terminar em mau negócio.

Uma das saídas é investir na pesquisa para geração de variedades e de tecnologias que aprimorem os sistemas de produção sem a exigência de grande aporte de insumos. Erivelton cita que no Rio Grande do Sul a produtividade média do cereal é de 2.184 quilos por hectare. Contudo, há localidades que produzem 5.000 quilos por hectare ou até mais. O chefe-geral da Embrapa Trigo chamou atenção também para a questão do frete, um gargalo que atinge negativamente a competitividade da cadeia produtiva e que acaba encarecendo o escoamento do produto, quando comparado a outros países.

A 13º RCCBPT segue até esta quinta-feira (09-12). O evento, que é realizado a cada dois anos e conta com a participação de pesquisadores, técnicos e empresários da cadeia produtiva do trigo, tem o objetivo de debater os desafios que possibilitem a completa inserção e estabilidade da cultura na Região Centro-Oeste. As informações são da assessoria de imprensa da Embrapa.

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