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Brasil pretende ampliar comércio com a China


Para conquistar um dos mercados consumidores mais disputados do mundo, com cerca de 1,3 bilhão de habitantes, o Brasil vai precisar colocar em prática duas ações consideradas essenciais pelo governo chinês: mais propaganda e menos barreiras comerciais. A avaliação é do conselheiro de Comércio da Embaixada da China no Brasil, Qi Linfa. Para o diplomata chinês, as exportações brasileiras para o mercado chinês podem ser incrementadas. Falta ao país, segundo ele, descobrir novos caminhos para gerar oportunidades.

Linfa acredita que produtos genuinamente nacionais, como café e cachaça, poderiam estar fazendo parte do cotidiano dos chineses se os investimentos em marketing fossem maiores. "Um dos problemas ainda é a propaganda. Ninguém compra aquilo que não conhece", enfatiza. O conselheiro admite que muitos produtos brasileiros, embora bastante populares por aqui, ainda estão distantes da cultura chinesa. "As gerações mais antigas adoram chá. Mas cada vez mais a população jovem tem consumido café", diz o conselheiro.

As barreiras comerciais também são um entrave para os chineses. Atualmente, o Brasil aplica sobretaxas à entrada de alguns produtos da China, como alho, câmara de pneus de bicicleta, ventiladores de mesas e lápis. "Não achamos isso justo. Tenho certeza que poderíamos aumentar mais o comércio se não fossem essas barreiras", argumenta.

Apesar dos desentendimentos, Brasil e China, no entanto, estão se aproximando no quesito comércio exterior. Desde o início deste ano, o mercado chinês vem se tornando um potencial destino produtos brasileiros. Ocupa, atualmente, a segunda colocação entre os maiores compradores de artigos do Brasil – atrás apenas dos Estados Unidos. Dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) mostram que, nos cinco primeiros meses deste ano, as exportações brasileiras para a China mais que triplicaram: passaram de US$ 538 milhões para US$ 1,774 bilhão.

Os números do saldo comercial do Brasil com a China são supreendentes. Em relação aos cinco primeiros meses de 2002, o superávit comercial do Brasil com a parceiro asiático cresceu 129 vezes – passou de apenas US$ 8 milhões, no ano passado, para US$ 1,038 bilhão.

Se depender das avaliações do conselheiro, a relação comercial entre os dois países poderá crescer ainda mais. "A balança comercial do Brasil com a China ainda é muito mais favorável ao Brasil. Acho que podemos melhorar o equilíbrio e fazer o comércio aumentar para os dois lados", disse.

Segundo Qi Linfa, os maiores ganhadores no mercado chinês serão aqueles que investirem em produtos de difícil acesso ao mercado asiático. Entre eles, a carne bovina brasileira. "Está todo mundo interessado no nosso mercado, porque, além de grandes, estamos abertos ao comércio", avalia o diplomata. Segundo ele, empresas brasileiras de grande porte, como Embraer e Vale do Rio Doce, estão de olho nas oportunidades ofercidas pela China. "Temos muitas missões comerciais indo e vindo. Acredito que a relação bilateral tende a aumentar", diz Linfa. Segundo o conselheiro, a economia chinesa deverá crescer este ano pouco mais de 7%.

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