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Brasil vai mapear sistemas integrados de forma remota

Será possível monitorar anualmente a adoção dos sistemas de integração lavoura-pecuária (ILP)


Foto: Gabriel Faria

O Brasil desenvolveu uma metodologia que vai permitir observar, de forma remota, as áreas de produção em sistemas integrados. Usando inteligência artificial e por meio de satélites, pesquisadores da Embrapa e parceiros projetaram o mapeamento.

A tecnologia é capaz de detectar áreas que usam os sistemas integrados como integração pecuária-floresta (IPF), integração lavoura-floresta (ILF) e integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF). Os dados possibilitam gerar indicadores quantitativos sobre a adoção desses sistemas e, consequentemente, monitorar a expansão da intensificação sustentável no País. 

Já é possível detectar áreas com duplo cultivo (soja e milho ou algodão em sucessão, por exemplo) e com integração lavoura-pecuária (ILP) e vem se aperfeiçoando para abranger outros sistemas. Um algoritmo está sendo adaptado para detectar também o sistema plantio direto (SPD). A ideia é gerar dados que poderão ser disponibilizados por regiões, estados, microrregiões, municípios, biomas ou bacias hidrográficas.

Segundo Margareth Simões, pesquisadora da Embrapa Solos (RJ) que liderou o estudo, devido à inexistência, até então, de metodologias capazes de detectar remotamente a expansão desses sistemas de produção, os órgãos setoriais, públicos e privados, não contam com informações adequadas para estimar o nível de adoção e a expansão em área dessas tecnologias. Esses dados, segundo ela, são fundamentais para subsidiar políticas públicas para o setor. “O País necessita urgentemente de indicadores e métricas para quantificar e demonstrar o quanto a sua agropecuária vem evoluindo rumo à desejada intensificação sustentável”, pondera.

Os algoritmos computacionais para a detecção e monitoramento dos diferentes sistemas de produção (sistema de ILP e duplo-cultivo) foram testados no estado de Mato Grosso, no período de 2012 a 2019. Os resultados mostram o potencial que a metodologia de classificação apresenta para o mapeamento ou monitoramento anual em escala nacional. “Nesse caso de Mato Grosso, podemos destacar que a área de ILP saltou de aproximadamente 1,1 milhão para 2,6 milhões de hectares entre 2013 e 2019, ou seja, mais do que dobrou no período de sete safras”, destaca Patrick Kuchler, pesquisador vinculado ao grupo de pesquisa GeoABC pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ/PPG-MA).

A metodologia desenvolvida se aplica a diversos sistemas de produção envolvendo culturas anuais, como soja, milho e algodão, em várias regiões do país. “Já estamos trabalhando na disponibilização dos resultados em uma plataforma interativa, com apresentação dos mapas, dados, estatísticas e indicadores no conceito de dashboards. Entendemos que devemos dar ampla divulgação aos dados produzidos, e a melhor forma de fazê-lo será por meio de uma plataforma digital, a exemplo da plataforma do Programa Nacional de Levantamento e Interpretação de Solos no Brasil (PronaSolos). Será um ativo tecnológico, que estamos chamando de Plataforma GeoABC, e que será muito útil ao Ministério da Agricultura (Mapa) na condução do Plano ABC+”, projeta o pesquisador da Embrapa Rodrigo Ferraz.

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