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Busca pelo seguro rural deve aumentar

Perdas da última safra provocadas pelo clima e mudança de comportamento do produtor provocam aumento de interesse pelo seguro


Produzir com o reforço de tecnologias disponíveis, respeitando zoneamento e definindo a safra de acordo com perspectivas de mercado já é comportamento normal de produtores. Mas uma nova ferramenta vem sendo utilizada como meio de se precaver dos prejuízos causados pelas intempéries e que fogem do controle. A busca pelo seguro agrícola, seja público ou privado, vem aumentando nos últimos anos, embora o seguro público acabe sendo compulsório, uma vez que está vinculado ao financiamento agrícola.

A ocorrência de sinistros na última safra, com perdas provocadas pela estiagem no milho e soja e pela geada no milho safrinha, aumenta o interesse do produtor em contratar seguro para o próximo período, incrementado também pela subvenção do governo federal. Na avaliação do corretor de seguros, Arnaldo Amaral Filho, o seguro atualmente é uma mercadoria escassa.''O agricultor já mudou sua visão sobre a questão e reconhece o seguro como uma ferramenta para garantir sua produção'', afirma.

Amaral calcula que na safra de inverno a procura pelo seguro foi cinco vezes maior e deve dobrar para a safra de verão. Dessa forma, prevê, os R$ 193 milhões destinados à subvenção do seguro rural não atenderão toda a demanda. O corretor lembra que a subvenção atende também o Banco do Brasil, onde o seguro é vinculado ao financiamento agrícola. ''O Banco do Brasil deve consumir cerca de 60% deste montante'', diz. Segundo ele, os recursos da subvenção federal cobrem apenas entre 7% a 10% da produção agrícola do país.

O produtor Antônio de Oliveira Sampaio, que cultiva áreas em Arapongas e Santa Fé, no Norte do Estado, concorda com os benefícios do seguro de safra, mas considera necessárias algumas adequações no sistema. Como financia a safra, o seguro é automático, mas as regras do banco são distintas para as regiões.

''Nunca tive nenhum problema nas lavouras de soja em Arapongas desde 1975. Para contratar o seguro nesta área é simples. O mesmo não acontece na região do arenito (em Santa Fé), que está muito mais sujeita a intempéries'', critica. Segundo ele, para as lavouras de Santa Fé, as exigências para o seguro são bem maiores.

Outra dificuldade citada pelo produtor são os critérios para o pagamento do seguro. Segundo ele, no contrato o banco estima uma produção baixa da lavoura e paga 50% da produtividade no caso de sinistros. Ele cita o caso do seguro da safra de milho que recebeu no ano passado. ''Tive um custo de R$ 27 mil, obtive resultado de R$ 15 mil e só recebi R$ 1.900 de seguro'', afirma.

As regras de zoneamento também são alvo de críticas dos produtores. Sampaio afirma que para a soja, o banco determina como época de plantio o mês de dezembro, mas a pesquisa recomenda o plantio em novembro. ''Essas regras tinham que ser revistas, pois leva os produtores a uma situação pior'', diz. O seguro do trigo também não satifaz os produtores. Segundo Sampaio, o trigo é uma cultura de risco, com alto custo e um margem pequena de lucro. Mas o seguro não cobre perdas com a seca. O gerente de Agronegócios do Banco do Brasil, Cézar de Cól, afirma que o seguro só não cobre áreas de trigo irrigado e que em outros sistemas de cultivo a cobertura é normal.

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