Café: tensões no Mar Vermelho impulsionam preços

O mercado global de café enfrenta mudanças impulsionadas pelos eventos recentes. Segundo análise do Itau BBA, os preços do café robusta estão em ascensão devido à complicada logística do grão asiático para a Europa, que se tornou mais dispendiosa com os conflitos no Mar Vermelho. A situação tem impactado não apenas o robusta, mas também o mercado do arábica, criando oportunidades de fixações mais vantajosas.

Desde o início do ano, os preços do café robusta em Londres subiram 13,5% em média, principalmente devido ao aumento dos custos de frete marítimo decorrentes das tensões no Mar Vermelho e às vendas lentas do Vietnã. Por outro lado, os preços do café conilon brasileiro avançaram 7,2% no mesmo período, negociados acima dos R$ 820/saca nos últimos dias.

Em contrapartida, os preços do café arábica em NY caíram 3,9% em média em janeiro, embora tenham se mantido em torno dos R$ 990/saca no Brasil, beneficiados pelas chuvas frequentes nas regiões produtoras.

Os fundos não comerciais têm aumentado suas posições líquidas compradas em futuros e opções de café, detendo a maior posição desde março de 2022, o que torna o mercado mais suscetível a ajustes.

Além disso, o momento é favorável para os produtores em termos de relações de troca entre café e fertilizantes, com os preços do KCl e ureia abaixo das mínimas históricas.

Com a perspectiva positiva para a safra brasileira em 2024, especialmente para o arábica, os produtores são incentivados a fixar parte de sua produção para preservar as margens, embora o mercado continue influenciado pelos desafios globais do robusta.

A primeira estimativa da Conab para a safra 2024 indica um aumento de 5,5% em relação à safra anterior, refletindo melhorias na produtividade média e na expansão da área de produção.

Olhando para as regiões cafeeiras, destaca-se a expectativa de aumento da produtividade do arábica no sul de Minas, enquanto o cerrado mineiro deve registrar uma queda. Outros estados produtores também devem ter aumentos na produção.

Em relação à produção global 2024/25, uma safra brasileira maior pode aliviar o balanço, aumentando o superávit entre produção e consumo. Embora seja cedo para definir o cenário 2024/25, a perspectiva atual sugere um possível alívio nos preços devido a uma melhor condição de oferta global