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Cafeicultores do Paraná transformam propriedades em empresas rurais

De olho na competitividade e oportunidades do setor, cafeicultores do norte pioneiro aprofundam conhecimentos e adotam o modelo da cafeicultura empresarial


De olho na competitividade e oportunidades do setor, cafeicultores do norte pioneiro aprofundam conhecimentos e adotam o modelo da cafeicultura empresarial

A qualidade dos cafés especiais produzidos no norte pioneiro do Paraná vem conquistando o mercado e os consumidores. As razões desse sucesso são o domínio das boas práticas agrícolas por parte dos produtores e o zelo em todas as etapas produtivas. Porém, para garantir a sobrevivência sustentável no competitivo ambiente do agronegócio do café é preciso desenvolver uma visão empresarial aguçada.

O fortalecimento dessas habilidades é o objetivo do Projeto Gestão de Empreendimentos Rurais, que contempla um grupo de 18 produtores, todos vinculados à Associação de Cafés Especiais do Norte Pioneiro do Paraná (ACENPP) e apoiados pelo Sebrae/PR e outras entidades por meio do Programa Cafés Especiais do Norte do Paraná.

Em busca da excelência, esses cafeicultores aceitaram o desafio de instituir um modelo empresarial em sua atividade e, durante os próximos oito meses, passarão por um processo intenso de capacitação em gestão de empreendimentos rurais e adoção de novos processos e controles.

O Projeto Gestão de Empreendimentos Rurais, iniciativa do Sebrae/PR em parceira com a ACENPP e o Sistema FAEP (Federação da Agricultura do Estado do Paraná), é composto por módulos que abordam gestão rural, qualidade, mercado e comercialização, manejo e outros treinamentos técnicos. Ao final de cada fase, os participantes receberão consultorias individualizadas e o acompanhamento técnico de especialistas.

A coordenadora estadual de Agronegócio do Sebrae/PR, Andréia Claudino, mostra a relevância de se aliar capacitação a consultorias e observa que a duração do Projeto dá, aos cafeicultores, o tempo necessário para mudarem rotinas, normas e procedimentos internos. “Ao final de cada módulo, os participantes se comprometem a cumprir tarefas. Na primeira fase, por exemplo, deverão realizar um inventário completo de suas propriedades. Essas atividades práticas geram dúvidas, então a consultoria é essencial para não causar desmotivação.”

A elaboração do conteúdo do projeto baseou-se em resultados de um diagnóstico prévio que analisou indicadores sobre colheita, processamento, armazenamento, comercialização, mão de obra, associativismo, assistência técnica, meio ambiente, rastreabilidade e demais controles. Todas as propriedades participantes foram visitadas e tiveram esses dados coletados.

“Esse é um projeto pioneiro e o diferencial é que os envolvidos têm um objetivo comum: a obtenção da UTZ Certified. Nos próximos meses, eles vão adaptar suas fazendas para atender às exigências da auditoria. Um dos requisitos é possuir um sistema de qualidade comprovado e ferramentas de acompanhamento. A ideia é que estejam preparados para implantar um sistema de rastreabilidade, algo complexo que implica em mudança cultural”, avalia Andréia Claudino.

A coordenadora estadual de Agronegócio também adianta a estratégia adotada pelo Sebrae/PR para o Programa Cafés Especiais do Norte Pioneiro deverá se estender para as outras cadeias produtivas atendidas pela entidade no Estado, como apicultura e hortifrutigranjeiros. “A estratégia da entidade para o setor do agronegócio é proporcionar competitividade por meio da agregação de valor em produtos e processos. A certificação é uma forma eficiente de conseguir competitividade e ampliar a comercialização. A cafeicultura empresarial talvez seja nova para o Paraná, mas no exterior, é comum. Certificação e diferenciação, são hoje, questões de sobrevivência no mercado”, frisa Andréia Claudino.

A UTZ Certified é um dos principais programas de certificação do café no mercado internacional. O projeto teve início no penúltimo sábado de julho. Na ocasião, os produtores tiveram contato com o tema gestão rural. Neste sábado, dia 7 de agosto, se interam sobre o assunto política rural.

Visão empresarial

O consultor do Sebrae/PR em Jacarezinho e gestor do Programa Cafés Especiais, Odemir Capello, explica que a proposta levará o grupo a adotar uma visão ainda mais empresarial da cafeicultura. “O Projeto vai gerar um aumento de eficiência e produtividade. Os produtores vão aprender a controlar melhor as operações e custos da produção, obtendo subsídios para tomada de decisões. Até o final de 2010, a meta é que três propriedades já estejam certificadas com o selo UTZ Certified”, destaca o consultor.

Outra proposta do Projeto de Gestão de Empreendimentos Rurais é fornecer bases técnicas para que os cafeicultores possam constituir uma cooperativa futuramente. “Os produtores já dominam bem os conceitos de Central de Negócio e uma cooperativa abrirá um leque de oportunidades de negócios. Certificação, profissionalismo e rastreabilidade da produção são caminhos para a sustentabilidade da cafeicultura”, comenta Odemir Capello.

Luiz Fernando de Andrade Leite, cafeicultor e presidente da ACENPP, defende a importância do projeto, observando que no dia a dia da propriedade rural, o produtor se prende muito às questões produtivas e, muitas vezes, descuida-se dos controles administrativos. “Nosso propósito é que nossos associados passem de produtores rurais a empresários rurais e utilizem todas as técnicas administrativas porteira adentro, para que tenham maior controle da produção e melhorem os resultados obtidos. O alcance das metas precisa ser consciente e planejado”, assinala Andrade Leite.

Hans Christian Nick, produtor de café especial e participante do projeto acredita que a atualização de conhecimentos em gestão empresarial rural contém todas as ferramentas necessárias para que a gestão de sua propriedade, a Fazenda Santa Isabel, localizada no município de Carlópolis, torne-se ainda mais competente.

“Creio que ao final do projeto terei uma visão mais aprofundada do negócio e domínio de questões administrativas, financeiras e de mercado. Então, tomarei decisões com mais segurança. Para mim, a melhoria da gestão gera ganhos em cada saca de café produzida. Esse treinamento é fundamental para que eu consiga sustentar uma certificação da importância da UTZ”, afirma o produtor.

Para o cafeicultor, o conteúdo do Projeto está totalmente alinhado com o que ele deseja e necessita para impulsionar seu negócio. “Sabemos produzir café muito bem, mas precisamos incrementar a forma de gerenciar esse negócio. Ter base para poder avaliar a propriedade, a produtividade e a viabilidade econômica é essencial para termos uma correta noção da posição que ocupamos e para onde queremos ir. Simplesmente achar que se tem determinado lucro e eficiência não basta, é necessário precisão, eficiência e agilidade. Para isso, preciso buscar as informações de valor e trabalhar com elas”, avalia Hans Nick.

Conteúdo

Controle, direção, organização e planejamento; análise econômica da propriedade rural e cálculo de investimentos na propriedade rural são alguns assuntos do módulo gestão rural. Os métodos de organização das propriedades é o foco do “De Olho na Qualidade Rural”, segundo módulo do projeto que ensina técnicas corretas de descarte, organização, limpeza, higiene e ordem mantida.

Em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural no Paraná (SENAR-PR), os produtores de cafés especiais aperfeiçoam conhecimentos técnicos relativos à colheita do café; processamento do café; podas e desbrotas do cafeeiro; controle de pragas e doenças; condução da lavoura cafeeira até o terceiro ano; classificação e degustação do café; empreendedor rural e mercado futuro. Também estão previstos módulos adicionais que contemplam capacitações exigidas para obtenção da UTZ Certified.

A altitude média das propriedades cafeeiras participantes do projeto “Gestão de Empreendimentos Rurais” é 608 metros. A área média de cultivo de café é 78 hectares. Em 2009, a produção do grupo foi pouco mais de 25 mil sacas de café e em 2010 deve superar 38 mil sacas. A produtividade média desses cafeicultores, em 2009, foi 18 sacas por hectare e em 2010 subiu para 27 sacas por hectare.

As informações são da assessoria de imprensa do Sebrae/PR - Regional Norte.

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