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Câmara dos Deputados debate liberação da soja transgênica


Os produtores brasileiros precisarão importar soja transgênica da Argentina ou continuar reproduzindo a semente hoje ilegal para cultivar o grão a partir da próxima safra, se a Justiça liberar o comércio - a questão deve ser julgada até o dia 15. Com a aprovação do plantio, o Brasil não terá semente transgênica suficiente para ser multiplicada e vendida. A expectativa é de que em dois anos os agricultores tenham sementes transgênicas brasileiras.

Para o ministro da Agricultura, Pecuária e do Abastecimento, Roberto Rodrigues, a importação ou reprodução nos próximos dois anos não vai impedir que posteriormente o agricultor opte por sementes certificadas. Ele acredita que o ganho de produtividade e a tecnologia vão estimular a volta ao uso deste produto. Segundo estimativas da Associação Brasileiras dos Produtores de Sementes (Abrasem) só no Rio Grande do Sul, a taxa de uso de sementes certificadas foi de 55% na safra passada.

Grão convencional

Em Passo Fundo (RS), na segunda-feira, o ministro lançou duas cultivares de soja convencional e visitou o campo experimental da Empresa Brasileira de Pesquisa Agro-pecuária (Embrapa) com o grão transgênico. Segundo o pesquisador Paulo Bertagnolli, um experimento da Embrapa comprovou a não polinização da soja. Nos grãos convencionais e transgênicos cultivados em fileiras com espaço de 50 centímetros o índice de polinização foi abaixo de 0,5%. O pesquisador disse ainda que, se não houvesse o imbróglio judicial, a Embrapa teria disponível até duas linhagens de soja para colocar no mercado e que, por conta da necessidade de multiplicação da semente, só em dois anos os produtores terão acesso a estas sementes.

Um pequeno produtor de Ibirubá (RS), presente à 4ª Expodireto, que ocorre em Não-Me-Toque até sexta-feira, disse que o custo de produção caiu entre 20% e 30% com o uso da soja transgênica. Ele afirmou que cultiva o grão ilegal há três anos, conseguindo produtividade de 52 sacas por hectare, frente às 38 sacas anteriores.

Ervas daninhas

Segundo o agricultor, a produtividade é maior porque não há grandes perdas com as ervas daninhas. Para ele, é urgente a liberação dos transgênicos no país porque atualmente os produtores só têm disponíveis sementes contrabandeadas (que foram reproduzidas) de ciclo precoce, sem alternativa para plantio escalonado. Por isso, dos 30 hectares cultivados em sua propriedade, apenas 50% têm transgênicos.

Ontem, em Brasília, o ministro recebeu oito parlamentares da Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados para debater a liberação dos transgênicos. "O país precisa discutir, é urgente que a comissão decida sobre isso", afirmou o presidente da comissão, Waldemir Moka (PMDB/MS).

Segundo o deputado Luís Carlos Heinze (PPB/RS), o uso de transgênicos diminuiria os gastos com herbicidas e inseticidas, que hoje são de US$ 1 bilhão/ano para US$ 300 milhões. Já tramita na Câmara dos Deputados um projeto de lei sobre o tema. A proposta é que, depois de colhida a safra atual de soja, o tema seja levado ao Plenário.

Os parlamentares anunciaram ao ministro que irão tentar votar o projeto de lei que institui o seguro rural, em regime de urgência. No encontro também ficou acertado que técnicos da comissão vão trabalhar com o governo para propor uma ação do Congresso Nacional contra a Argentina, que criou tarifa que inibe a entrada do açúcar brasileiro até 2010. Para Ronaldo Caiado (PFL/GO), a proposta é sobretaxar diferentes produtos importados oriundos daquele país ou subprodutos do açúcar.

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