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Câmbio pode prejudicar balança rural


CNA prevê superávit de US$ 22, 2 bilhões, perda de US$ 1,8 bilhão após a valorização do real. A valorização do real poderá afetar negativamente as exportações agrícolas. Estimativas da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) indicam que o saldo da balança comercial do agronegócio será menor do que o previsto anteriormente. As flutuações do câmbio vão fazer com que o País perca US$ 1,8 bilhão no saldo da balança do setor. Espera-se que este ano, o superávit do agronegócio seja de US$ 22,2 bilhões, ainda assim 9,1% superior ao registrado em 2002.

Antes das variações do dólar, quando a moeda norte-americana era cotada a R$ 3,60, os técnicos da CNA acreditavam que o agribusiness teria superávit de US$ 24 bilhões. Com a mudança cambial, acredita-se que os segmentos mais afetados serão o de carnes, couro e açúcar. "O Brasil não deve aumentar em 20% as vendas de carnes", diz Antônio Donizeti Beraldo, chefe do Departamento de Comércio Exterior da CNA.

Segundo ele, quando há valorização do real, estes produtos tendem a ficar mais atrativos no mercado interno. Acrescenta ainda que, no caso das carnes, o cenário é de maior competição, com a volta da Argentina na oferta de bovinos e da entrada de novos fornecedores para a Rússia, principal comprador de suínos brasileiros. As novas estimativas da CNA consideram um câmbio entre R$ 3 e R$ 3,20.

Até o mês passado, o superávit acumulado do setor foi de US$ 6,6 bilhões, uma variação de 40,8% na comparação com o mesmo período do ano passado. Os bons resultados devem-se ao complexo soja, que registrou aumento de volume, em função da maior demanda da China, e a recuperação dos preços internacionais.

A variação cambial afetará também a renda dos agropecuaristas, sendo estimativas da CNA. Pelas projeções atuais, o Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio terá crescimento de 1,45%, acumulando R$ 430,48 bilhões. No entanto, no segmento da pecuária, que responde por 40% do PIB primário, haverá redução de 1,24%. De acordo com Getúlio Pernambuco, chefe do Departamento Econômico da CNA, houve variação negativa neste segmento porque os preços dos produtos caíram, sobretudo os da suinocultura, e os dos insumos registraram alta. Este será o terceiro ano consecutivo em que a agricultura será a responsável pelo aumento do PIB do agronegócio. A renda deste segmento, estimada pela CNA é de R$ 75,55 bilhões, ou seja, uma elevação de 3,9% sobre o ano passado.

Uma pesquisa da CNA mostrou ainda que o Valor Bruto da Produção (VPB) dos 25 principais produtos da agropecuária indica crescimento de 13,1% entre janeiro e março, na comparação com igual período de 2002. Pela primeira vez, a soja irá superar a pecuária de corte, obtendo o maior faturamento, atingindo R$ 31,4 bilhões, ou seja, um acréscimo de R$ 10 bilhões sobre o ano passado.

Oferta de milho

Outro produto com aumento será o milho (variação de R$ 5 bilhões), apesar da queda do preço do último mês. Pernambuco acredita que o câmbio atual irá viabilizar as exportações do produto, melhorando o preço do grão no início da entressafra. A melhoria do preço, a necessidade de crescimento da produção para abastecer a pecuária e medidas de apoio ao setor previstas no próximo Plano Safra, levam a CNA a estimar para 2004 uma colheita recorde de 47 milhões de toneladas de milho.

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