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Caminho estreito para o trigo


Região que mais produz o cereal no Paraná, o Norte não abre mão da estratégia de ceder espaço ao milho de inverno

A Região Norte mantém a liderança no plantio de trigo no Paraná, mas é a que mais reduz suas apostas no cereal, mostram os números das últimas cinco safras. A área deste ano deve se equiparar à de 2012 num momento em que as outras regiões preveem expansão. É nas estratégias do Norte que os especialistas encontram as razões para os solavancos na produção do trigo no estado. O recuo não representa estagnação, mas uma decisão regional que avalia potencial produtivo, preços, relação entre culturas e liquidez, dizem os técnicos. 

Desde o ciclo 2007/08, a participação do Norte na safra estadual de trigo caiu de 39% para 35%, conforme a Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab). A liderança foi mantida com 285 mil hectares no ciclo 2011/12.

Regiões como o Sul e o Sudoeste ampliaram seu peso na safra estadual. Na última temporada, esses dois polos responderam, juntos, por 44% da área total, ou 345 mil hectares. Neste ano, tendem a ampliar o plantio.

Luiz Carlos Pacheco, consultor da Trigo e Farinhas, afirma que o clima favorável para o cultivo de milho de inverno limita a expansão do trigo no Norte. A metade sul do estado não estaria adotando a mesma estratégia por ser muito fria e, assim, não possuir condições de cultivar milho safrinha.

Gabriel Ferreira, analista da AF News Análises, acrescenta que a expansão da área de soja no verão, devido aos bons preços, colaborou para uma mudança na programação do inverno em regiões como o Norte do Paraná. “O pessoal acabou não plantando o milho no verão e está migrando para a safrinha”, explica.

Mesmo assim, ele avalia que o trigo nortista tem mercado garantido. “Ali é onde se planta o cereal de melhor qualidade e o produto tem mercado, até por estar perto do estado São Paulo”, complementa.

Depois de plantar 776 mil hectares na última safra – menor área desde 1999/00 – o trigo deve recuperar espaço no Paraná. Na previsão da Seab, serão 827 mil hectares. Para Pacheco, quem apostar na cultura deve encontrar condições favoráveis. “O preço está acima do custo, e quem plantar vai ter liquidez tanto no mercado interno quanto para exportação”, prevê.

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