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Campo busca alternativas para driblar alta do adubo

O setor sucroalcooleiro de São Paulo resolveu aderir ao uso de dejeto de galinha para estercar os canaviais


Se com o preço dos grãos em alta, arcar com os altos custos dos fertilizantes já estava complicado. Agora, que as cotações despencaram, se agrava a necessidade do produtor de encontrar alternativas. Além de reduzir a aplicação na lavoura, outras saídas estão sendo procuradas. Entre elas, o uso de adubo químico, que fica entre 10% e 20% mais barato ao produtor, e a incorporação de adubo orgânico. Depois de uma safra inteira com açúcar e álcool em baixa e o adubo, em alta, o setor sucroalcooleiro de São Paulo resolveu aderir ao uso de dejeto de galinha para estercar os canaviais. A economia estimada é de mais de 40% em relação ao uso de fertilizante químico.

Entre os grupos que aderiram à moda está o Equipav. Depois de dois anos de experimentos, o grupo resolveu nesta safra fazer o primeiro uso em larga escala do dejeto de galinha.

Wagner Masiero, gerente de logística e suprimento de insumos da empresa, conta que foram feitos contratos com algumas granjas de Promissão (SP) que somam fornecimento de 50 mil toneladas até dezembro. O volume representa 30% da necessidade de adubação da unidade de Promissão do grupo, cuja área plantada é de 60 mil hectares de cana-de-açúcar, sendo que o adubo orgânico está sendo usado em 10 mi hectares. "O dejeto não é usado in natura. Fazemos compostagem com torta de filtro (sujeira que vem do campo junto com a cana colhida)", detalha Masiero.

Já considerando a maior necessidade de uso do adubo orgânico, em comparação ao do químico - a proporção é de seis medidas para uma - e os custos de logística - o dejeto não está concentrado em um fornecedor - a Equipav economizou nesse contrato R$ 3,3 milhões, o que representa um custo 44% menor na comparação com uso de adubo químico. Segundo Masiero, outros dois grandes grupos sucroalcooleiros estão utilizando o dejeto da galinha nesta safra. "O processo de compostagem ameniza o odor", diz.

A maior procura por este insumo natural já provocou alta no preço da tonelada, que saiu de R$ 115 em fevereiro para R$ 150, mais 30%. "Conseguimos fixar nosso preço no começo do ano a R$ 115. Para a próxima safra, esse valor será negociado", acrescenta. A intenção, segundo ele, é usar essa alternativa nas outras usinas do grupo, inclusive nas duas que estão sendo construídas, em Goiás e em Mato Grosso do Sul. O gerente de logística informa que para reduzir os custos a empresa também está aplicando 50% menos adubo químico que no ciclo passado.

Tradicionalmente, o esterco de galinha é usado pela horticultura, cafeicultura e citricultura. A estimativa da União Brasileira de Avicultura (UBA) é de que os cerca de 5 bilhões de frangos e 60 milhões de galinhas poedeiras defequem por ano 4,2 milhões de toneladas. Um único frango de corte produz 1,5 quilo de excremento em seis meses.

Elizabeth Chagas, consultora em Logística, diz que a alta dos adubos químicos está também aumentando a procura pelos fertilizantes líquidos. "O movimento está grande. Esses adubos, misturados com água, são um pouco mais baratos do que o convencional", avalia Elizabeth. Segundo ela, outras alternativas, como mistura de vinhaça com nutrientes, também estão sendo largamente usado pelas usinas.

Franco Borsari, diretor comercial da Produquímica Indústria e Comércio SA confirma que esse mercado está mais aquecido. Aempresa vende nutrientes solúveis para as indústrias de fertilizantes líquidos e, segundo ele, a comercialização dessa matéria-prima aumentou 20% em relação ao ano passado. "Como o produtor arca com o custo da embalagem (a venda é feita a granel, em galões) e do transporte (vai buscar na indústria) o preço para ele pode ser de 10% a 20% menor que o do adubo químico convencional. As culturas que mais usam são citros, cana, café e milho. "Há uma limitação no uso desse tipo de adubo, que é o raio de alcance. O transporte só é viável a propriedades distantes até 50 quilômetros das indústrias produtoras", afirma Borsari.

Portanto, o uso está concentrado nos estados de São Paulo e no Triângulo Mineiro.

Resultado

A Fosfertil, maior fornecedora brasileira de matérias-primas para fertilizantes fosfatados e nitrogenados, registrou no período de janeiro a junho de 2008 uma receita líquida de R$ 1,56 bilhão, 47,7% superior ao mesmo período de 2007. O lucro líquido consolidado foi de R$ 403 milhões, resultado 127% superior aos R$ 177 milhões apurados no primeiro semestre do ano passado. O EBITDA foi de R$ 629 milhões (R$ 320 milhões em 2007), equivalentes a 40% da receita líquida consolidada. Os resultados no primeiro semestre foram capturados basicamente pelo aumento dos preços de fertilizantes internacionais.

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