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Cana impulsiona vendas de máquinas agrícolas

Comercialização de unidades para o trabalho nos canaviais aumentou 194% desde 2004


Comercialização de unidades para o trabalho nos canaviais aumentou 194% desde 2004. Os fabricantes de colheitadeiras de cana-de-açúcar no Brasil vêm batendo sucessivamente seus recordes de vendas. Enquanto a comercialização total de colheitadeiras caiu 81,6% desde 2004, as vendas de unidades para a cana-de-açúcar subiram 194% no mesmo período.

"O mercado, que até 2004 absorvia entre 60 e 80 máquinas por ano, chegou a 170 colheitadeiras em 2005, a 250 unidades em 2006 e deve atingir 400 máquinas em 2007", diz José Luis Coelho, gerente comercial da Unidade de Negócios Cana-de-Açúcar da John Deere.

Para o ano que vem, quando a safra deverá se aproximar de 500 milhões de toneladas de cana, Coelho acredita que as vendas ultrapassem 500 unidades, podendo chegar a 600. Este crescimento deve-se à escassez de mão-de-obra para o corte manual, a problemas am-bientais, a fatores econômicos e, principalmente, às novas destilarias de álcool que estão sendo instaladas no País. "A maioria das novas usinas já começa a safra mecanizada".

Para o diretor comercial da Case IH para o Brasil e Argentina, Isomar Martinichen, "a demanda por colheitadeiras de cana é crescente e as empresas precisam programar suas compras de máquinas desde a fase de planejamento das usinas". Assim, segundo ele, não há faltarão máquinas. A Case IH desenvolve e produz colheitadeiras de cana em Piracicaba (SP).

Segundo Coelho, o índice de mecanização da colheita nos canaviais brasileiros ficou estacionado em 30% durante dez anos. "De três anos para cá, as vendas dispararam e o índice atual de mecanização nos 6 milhões de hectares de canaviais do País já é de 35%. Mas temos potencial para mais que dobrar o índice para 75%", afirma Coelho.

A frota nacional de colheitadeiras de cana é de 1,2 mil a 1,3 mil unidades, sendo que metade tem idade acima de oito anos. Para elevar o índice de mecanização da colheita a 75% seriam necessárias mais 1,2 mil unidades, o equivalente, hoje, à produção de três anos das três companhias com fábrica no Brasil: as multinacionais John Deere e Case, que têm mais de 90% do mercado, e a Santal, de Ribeirão Preto, empresa 100% nacional.

"Nossa carteira de pedidos está completa para 2007; já há pedidos para 2008; e têm usineiros sinalizando compras para até 2012", conta o gerente da John Deere, cuja fábrica de colheitadeiras de cana fica em Catalão (GO). Ele diz que a mecanização da colheita é inevitável, devido ao alto índice tecnológico das novas máquinas. A John Deere 3510, por exemplo, lançada há um ano, rompeu a barreira de 1 mil toneladas de cana crua colhidas em 24 horas. "Até então, o máximo eram 750 toneladas por dia", diz Coelho. Uma colheitadeira desta faz o trabalho de 100 homens cortando cana queimada e de mais de 200 homens cortando cana crua. "Em relação ao corte manual, a colheita mecanizada é de 15% a 20% mais econômica", afirma Coelho.

"Nunca vi o mercado deste jeito. Vivemos uma explosão nas vendas", afirma Arnaldo Adams Ribeiro Pinto, diretor-presidente da Santal Máquinas e Equipamentos Indústria e Comércio, de Ribeirão Preto. A empresa aumentou em 50% o faturamento em 2006, para R$ 45,5 milhões, e espera crescer ainda mais neste ano, com receita prevista de R$ 70 milhões a R$ 80 milhões.

Há três anos, a Santal lançou a colheitadeira Tandem, máquina com três eixos, tração nas quatro rodas traseiras e pneus de alta flutuação, um sistema que reúne em um único equipamento as vantagens da estabilidade de uma colheitadeira de esteiras e da velocidade de uma máquina com pneus. As vendas neste ano vão somar 28 unidades, o dobro de 2006. "A fábrica já está comprometida com pedidos até setembro", diz Ribeiro Pinto.

Não é atoa que a empresa investe para dobrar a capacidade de produção de colheitadeiras para 50 unidades por ano. Os outros principais produtos da Santal também terão a produção aumentada: carregadoras de cana (máquinas com circuito hidráulico que retiram do solo para as carretas a cana cortada manualmente); veículos de transbordo (modelos acoplados a caminhões, para transporte da cana até a usina, ou adaptáveis a tratores, para receber a cana no corte mecanizado); plantadora de cana picada (desenvolvida em parceria com a Copesucar, que, além de plantar cana, aplica torta de filtro nos canaviais, reduzindo o custo fixo do equipamento) e o kit de colheita de mudas para a colheitadeira Tandem, que reduz o impacto nas gemas e colmos de cana.

A Santal, no entanto, assim como várias fabricantes de equipamentos para o setor sucroalcooleiro, enfrenta falta de mão-de-obra especializada. "Faltam soldadores, montadores e torneiros", conta Ribeiro Pinto.

A John Deere, cuja fábrica de colheitadeiras de cana trabalha em dois turnos, também investe no aumento de produção. No segundo semestre, a companhia inaugura uma fábrica em Montenegro (RS), fruto de investimentos de US$ 100 milhões. "Hoje, a John Deere fabrica no País apenas tratores de até 140 cavalos de potência. A nova fábrica vai concentrar a produção de tratores de 75 a 200 cavalos, enquanto a unidade de Horizontina (RS) se dedicará à fabricação de colheitadeiras de grãos", afirma. A decisão atende a demanda canavieira, que usa mais tratores de 180 e 200 cavalos.

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