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Carne pode ser a próxima vítima da crise

Pouco crédito pode encarecer produto reduzindo benefícios tanto para produtor quanto consumidor


A carne bovina, além de nutritiva e importante na alimentação humana – é fonte de nutrientes imprescindíveis, como a proteína e a vitamina B12 –, agrada o paladar e está na mesa da maioria dos brasileiros. Para se ter uma idéia, a média de consumo per capita no país fica em torno de 40 kg por ano. E mais: o Brasil destaca-se como o maior exportador do mundo, comercializando sua carne para mais de 150 países. 

Mas, o atual cenário do mercado de carne bovina no Brasil pode ser prejudicado em decorrência da crise financeira que assola a economia global. ‘‘É um momento de turbulência econômica, por isso a atenção e a prudência são fatores indispensáveis’’, coloca José Antônio Fontes, pecuarista e presidente da Associação Nacional dos Produtores de Bovino de Corte (ANPBC). Segundo ele, o preço da carne bovina encontra-se estável, porém a redução da oferta de crédito pode acarretar no aumento dos preços ao consumidor final. ‘‘Crédito escasso é dinheiro caro’’, explica Fontes, que revela uma outra preocupação: ‘‘a crise pode causar queda no consumo de carne, o que poderá refletir nos preços aos produtores de bovino de corte’’. 

O mercado interno sofre interferências devido ao ‘‘sumiço’’ do dinheiro para financiamento, além da paralisação dos créditos para exportação. Fontes, assim como o Conselho Nacional da Pecuária de Corte (CNPC), preocupa-se com a inadimplência de frigoríficos, decorrentes da menor oferta de crédito, o que interfere na liquidez do mercado interno. Até o ano passado, o índice de inadimplência estava em torno de 5%, e atualmente varia entre 15% e 20%. 

 Fontes vai além: ‘‘Dependendo da extensão da crise nos países importadores de carne brasileira, é possível que ocorra uma redução do consumo, pois esses países podem adotar medidas protecionistas para proteger suas economias’’. Ele ainda ressalta que o consumo interno pode ser reduzido, visto que o Brasil concorre no mercado internacional com países que também estão enfrentando a crise. ‘‘Esses fatores poderão influenciar no aumento da oferta de carne podendo provocar queda nos preços de exportação’’, diz. 

Nesse contexto, é importante lembrar que a quantidade de carne produzida e comercializada – tanto no mercado externo quanto no interno –, coloca o Brasil em condição de destaque. Especificamente no país, calcula-se a existência de 175 milhões de cabeças, que correspondem a uma produção de 9 milhões de toneladas de carcaças por ano. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revelam que só em junho de 2008 foram abatidos mais de um milhão e duzentos mil bois no país, sendo 49.500 no Paraná.

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