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Carnes Halal: um mercado promissor

Em 2010, 45% do frango e 40% do bovino exportados foram destinados a países islâmicos


A religião Islã é considerada como aquela que mais cresce no mundo. Segundo levantamento da Pew Research Center’s Forum on Religion & Public Life (http://pewforum.org/The-Future-of-the-Global-Muslim-Population.aspx), a população muçulmana deve crescer cerca de 35% nos próximos 20 anos, passando de 1,6 bilhões em 2010 para 2,2 bi em 2030.

Mesmo esta não sendo a principal religião do Brasil, nosso país está muito presente neste espaço, principalmente nas mesas dos muçulmanos. De acordo com levantamentos da Abiec, de janeiro a setembro deste ano, 32% de toda carne bovina exportada foi destinado a países islâmicos, que exigem a carne Halal.


O Sagrado Alcorão, livro sagrado do Islã, ensina na Surata 5ª, versículo 4º, que “Foram-vos permitidas todas as coisas sadias”. Para tanto, os fiéis desta religião têm algumas regras e costumes a serem seguidos quanto à alimentação. A carne Halal é um dos alimentos permitidos, e o Brasil é um dos países que mais exportam o produto.

Segundo a Central Islâmica Brasileira de Alimentos Halal (Cibal Halal), Halal significa lícito, permitido, autorizado. Portanto, alimentos Halal são aquelas cujo consumo é permitido por Deus. Assim, está permitido ingerir todo o tipo de alimento que não contenha ingredientes proibidos ou animais que tenham sido abatidos dentro dos procedimentos e normas ditadas pelo Alcorão e pela Jurisprudência Islâmica.

No caso das carnes, o abate deve ser feito o mais rápido possível para que o animal tenha uma morte rápida. De acordo com a Cibal Halal, “há provas científicas de que, com a degola do sistema Halal, o animal tem a interrupção sanguínea ao cérebro, que causa morte instantânea, não dando chance de liberação de toxinas que contaminam a carne. Com a saída quase completa do sangue, também garante que se o animal estiver com alguma moléstia, as chances do ser humano ser contaminado será menor”.

No Brasil, há cerca de onze frigoríficos de carne de frango e quinze de carne bovina habilitados, além de mais de quarenta indústrias com o certificado. Segundo o diretor da Cibal Halal, Mohamed Hussein El Zoghbi, para um frigorífico ser habilitado, ele deve ter a linha de abate direcionada a Meca, ter sangradores e supervisores muçulmanos, registrado e habilitado pelo Ministério da Agricultura e Pecuária, estar dentro das Boas Práticas de Fabricação (BPF) e ter Análises de Perigos e Pontos Críticos de Controle (APPCC).

A Cibal Halal, instituição de auditoria e certificação, garante ao consumidor muçulmano produtos 100% Halal. Segundo a entidade, além da fiscalização, também auxilia no crescimento sustentável das indústrias brasileiras nesse gigantesco mercado.

Mercado
Segundo El Zoghbi, não há consumo da carne Halal no mercado interno. Entretanto, o Brasil se tornou o maior exportador no mundo. Em 2010, cerca de 45% de carne de frango e 40% de carne bovina exportadas foram destinados a países islâmicos, que exigem esta certificação. “Anualmente, o mercado Halal movimenta cerca de US$ 2.5 trilhões em todo o mundo”, comenta.


De acordo com levantamentos da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes, os maiores compradores este ano foram o Irã – 13,14% do total (107,37 mil t); Egito – 8,37% do total (68,42 mil t); Arábia Saudita – 2,82% do total (23 mil t); Israel – 1,94% do total (15,87 mil t); Líbano – 1,63% do total (13,3 mil t); Emirados Árabes Unidos – 0,85% do total (6,9 mil t); Algéria – 0,72% do total (5,9 mil t); e Jordânia – 0,77% do total (6,3 mil t). Todavia, “vale ressaltar que países não muçulmanos também estão comprando carne Halal para produzir alimentos industrializados e repassar a países islâmicos”, ressalta El Zoghbi.

“Em nossos 30 anos de existência, ajudamos o Brasil a ser o maior exportador de carne de frango e bovino Halal do mundo. O mais surpreendente é que, captamos apenas 20% desse mercado, temos ainda uma grande fatia a ser explorada”, reflete. Com a crescente população muçulmana, o mercado destas carnes se mostra cada vez mais promissor.

Atualmente, o Brasil está em processo para abertura dos mercados da Indonésia (que exige Halal, mas não aceita o status sanitário do Brasil com relação à aftosa) e ampliação do mercado da Malásia. “O mercado para um frigorífico habilitado a exportar produtos é sem crises e sólido”, conclui o diretor.

*Colaboração de Lucas Amaral

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