Castanha tipo portuguesa já é promessa de bons lucros
Cruzamento de variedades asiáticas e européias permite produção rentável em clima tropical
Cruzamento de variedades asiáticas e européias permite produção rentável em clima tropical. Com a chegada dos alimentos típicos de Natal nas redes de supermercado é possível que neste ano os consumidores experimentem castanha tipo portuguesa produzida no Brasil. Embora os pomares tenham sido plantados há menos de cinco anos, os produtores já começam a colocar suas primeiras colheitas no mercado. A principal diferença, a favor do consumidor, é o preço: pelo menos um terço do valor cobrado pelo produto europeu.
A versão nacional perde para seu concorrente importado em teor de açúcar, mas ganha em aparência, já que a brasileira é mais graúda, segundo a engenheira agrônoma Silvana Catarina Sales Bueno, pesquisadora da Coordenadoria de Assistência Integral (Cati), da Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, em São Bento de Sapucaí (SP). Silvana é responsável pelo desenvolvimento de mudas das castanhas adaptadas ao clima brasileiro.
O interesse pela cultura foi tão grande que o tempo de espera para obter mudas da planta já é de dois anos. Silvana explica que a produção de mudas é insuficiente por causa da taxa de insucesso elevada nos cruzamentos das cultivares. "É comum ocorrer perda de mudas pela incompatibilidade entre o cavalo e o enxerto da planta".
Mesmo raras, as mudas têm preço relativamente baixo: R$ 10,00 a unidade. O investimento é baixo se considerar a expectativa de vida útil da árvore. Segundo a agrônoma da Cati existem relatos de árvores produtivas há 150 anos na Europa. No Brasil, ainda não há informações seguras sobre o desempenho dos pomares, apesar de haver castanheiras no País desde os tempos da colonização.
A cultura se tornou atraente depois que a equipe da Cati trouxe variedades asiáticas para serem cruzadas com as européias, já há séculos no Brasil. Segundo a pesquisadora, com as novas plantas foi possível obter pomares comerciais em regiões de temperaturas mais elevadas. As primeiras safras estão sendo colhidas nas cidades paulistas de Taubaté, Pindamonhangaba e Mogi Mirim.
Na fazenda Sapucaia, em Pidamonhangaba, foram plantadas 400 mudas e neste ano será colhida a segunda safra. Agora, as árvores começam a florescer e o auge da safra deverá ocorrer nas semanas que antecedem o Natal. Fábio Homem de Mello, administrador da Sapucaia, diz ser essa a melhor qualidade da cultura. Isso porque na época das festas de fim de ano, a castanha tipo portuguesa é negociada a R$ 15,00 o quilo e, depois disso, o preço cai para cerca de R$ 6,00.