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Centro-Oeste sofre menos

Região será a primeira a se recuperar e agronegócio lidera a arrancada. Os economistas chamaram a atenção para as exportações de carnes de aves, suínos e bovinos


Entre as cinco regiões do país, a economia do Centro-Oeste foi a menos afetada pela crise internacional e será a primeira a se recuperar plenamente. O processo de retomada já começou, puxado principalmente pelas exportações do setor agropecuário, a alta na cotação dos produtos agrícolas e as vendas varejistas, que já voltaram ao nível anterior ao tombo econômico global. A fraca presença da indústria no Produto Interno Bruto (PIB) regional, que já foi vista com preocupação, hoje favorece o reaquecimento. No Sudeste, onde a atividade industrial é bem mais forte, os prejuízos são maiores. As conclusões são do último boletim regional do Banco Central (BC), que foi ignorado pelos analistas.

"A economia do Centro-Oeste se reveste de características que tendem a favorecer o processo de retomada do nível da atividade econômica na região. Nesse sentido, ressaltem-se os impactos favoráveis, no atual momento, da participação relativamente reduzida da indústria na estrutura produtiva da região, as perspectivas de recuperação mais intensa das exportações de produtos básicos, com desdobramentos positivos tanto sobre a renda interna quanto sobre as vendas varejistas e os impactos potenciais das ações voltadas para a realização de investimentos em infraestrutura", escreveram os técnicos do Departamento Econômico do BC no relatório.

Os economistas chamaram a atenção para as exportações de carnes de aves, suínos e bovinos, atividade que vem puxando o aumento do nível de atividade. "O agronegócio é um setor dinâmico, versátil, que consegue dar respostas rápidas e segurar a economia da região e do país nos momentos difíceis", afirma José Mário Schreiner, presidente da Comissão Nacional de Cereais, Fibras e Oleaginosas da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). O segmento tem se beneficiado da recuperação, ainda que parcial, dos preços dos produtos agrícolas no mundo, da seca na Argentina e da retomada do consumo chinês. "Hoje, a soja é um produto de alta liquidez no mercado internacional."

Segundo os dados da Secretaria de Comércio Exterior, o Centro-Oeste é a única região do país com variação positiva no total exportado até maio, com crescimento de 4,71%. As demais tiveram desempenho negativo: Sudeste (-25,56%), Sul (-26,49%), Nordeste (-31,01%) e Norte (-14,55%).

Setor público

Os economistas do BC afirmaram que a atividade industrial na região, concentrada em alimentos e bebidas, mostra a menor retração no país. Além disso, as vendas no varejo apresentam crescimento em Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e DF, já recuperando o nível anterior ao acirramento da crise.

No DF, a presença do setor público funciona como um colchão, que vem amortecendo os impactos da crise. O governo representa 40% da economia local. Como não demitiu ninguém, continuou contratando e até aumentou as despesas correntes e de investimento, a administração segurou o nível de emprego e renda em Brasília. Isso teve como reflexo a manutenção das vendas no varejo. Em maio, o faturamento comercial aumentou 0,63% em relação ao mesmo mês de 2008 e 3,74% na comparação com abril. "Esse crescimento é muito bom, tendo em vista que 2008 foi um ano excepcional", afirma o senador Adelmir Santana (DEM-DF), presidente da Federação do Comércio (Fecomércio-DF).

Sinal de recuperação

O Centro-Oeste ficou em segundo lugar no ranking de regiões que mais procuraram por crédito em maio na comparação com abril: alta de 11,8% para pessoas jurídicas, perdendo apenas para a Região Nordeste, com 16,8%. Os dados são do Indicador Serasa, que mostrou a terceira alta mensal consecutiva na comparação mês a mês. No levantamento referente a pessoas físicas, os consumidores do Centro-Oeste estão a apenas 5% de atingir o patamar anterior ao da crise. (Da Redação)

FCO mais aquecido

Na avaliação do secretário de Desenvolvimento do Centro-Oeste do Ministério da Integração Nacional, José Antonio Parente, a região ainda tem enorme potencial de crescimento, em especial na indústria e serviços. "Ela está mais aquecida do que em 2008. É a única área em que o brasileiro ainda pode sonhar em prosperar, ficar rico. Existe uma elite rural, de altíssima renda, que não tem serviços de qualidade ou produtos industriais à disposição", diz. Os números do Fundo Constitucional de Financiamento ao Centro-Oeste (FCO) mostram o recente dinamismo.

Em 2007, o fundo deixou de emprestar R$ 1,1 bilhão por falta de projetos. No ano passado, a sobra foi de R$ 400 milhões. Em 2009, todos os R$ 2,7 bilhões já estão comprometidos. "Estamos tentando uma suplementação. Segundo levantamento do Banco do Brasil, já há uma demanda reprimida de R$ 1,51 bilhão. Dependemos de uma decisão do presidente Lula e do acerto com o Tesouro para o subsídio dos juros", diz. O FCO é formado por 0,5% das receitas com o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e o Imposto de Renda (IR).

O objetivo é estimular o desenvolvimento financiando a indústria, a agroindústria, a agropecuária e os segmentos mineral, turístico, comercial e de serviços. (RA)

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