Chile desenvolve trigo tolerante à seca

A atual guerra entre a Rússia e a Ucrânia - somada à crise ambiental resultante das mudanças climáticas - trouxe consigo um golpe para a indústria agroalimentar em todo o planeta, relatando assim um aumento da demanda e, portanto,  pelo seu valor. No Chile, a produção interna de trigo cobre 45% da demanda, sendo um país que consome 140 kg per capita por ano, acima dos 67,4 kg registrados mundialmente.

Iván Matus, pesquisador do Programa de Melhoramento Genético do Trigo (PMG) do INIA Quilamapu, disse que "ao longo dos anos, o cultivo do trigo deslocou-se para o sul do país, concentrando 90% da produção entre as regiões de Maule, Ñuble, Bio- Bio e La Araucanía, já que os produtores da zona central, como O'Higgins, optaram por migrar para as fruticulturas devido aos retornos que proporcionam sobre o trigo. Mas nesta última região, por problemas de falta de água, muitos produtores de milho voltaram a semear trigo."

Acrescentou que “hoje, 70% da produção nacional de trigo está em regime de sequeiro, ligada a médios e pequenos produtores. Com o Covid-19, os preços tiveram uma variação favorável que permitiu aos produtores se manterem e espera-se uma safra 2021-2022 relativamente favorável, mas há medo no setor devido à falta de semente para o próximo ano”.

O PMG do Trigo realiza o desenvolvimento de variedades tolerantes à seca, em conjunto com a Universidade de Talca. “Em 2007 lançamos a variedade Pantera-INIA e a avaliamos há muitos anos; Atrevo-me a dizer que é muito tolerante à escassez de água. Mas o que é tolerância? Em situações extremas, essa variedade pode render até 3t ou 4t/ha”, disse o especialista em melhoramento genético. No entanto, acrescentou que “não é necessário que apenas a semente produza com pouca água, é preciso também que a planta faça um uso eficiente da água e esta variedade tem esta característica”.