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China investe na produção de soja do Rio Grande do Sul

Levantamento da Emater aponta uma redução de 3,7% na área de milho e aumento de 1,5% na de soja no RS


SÃO PAULO - A China, de olho na soja do Rio Grande do Sul, ajusta investimentos e comercialização direta com produtores no estado para a safra 2010/2011. Segundo Juarez João Londero, presidente da Associação dos Produtores de Soja do Estado do Rio Grande do Sul (Aprosoja/RS), grupos chineses estão elaborando propostas para viabilizar a parceria. Investimentos em logística, custeio do produtor e irrigação estão em pauta.

"A ideia é que os chineses adquiram a oleaginosa direto do agricultor. Vamos avaliar a possibilidade. Tudo vai depender do ganho real ao produtor", diz.

Diante desse cenário, o Rio Grande do Sul - segundo maior produtor de soja do País - deve aumentar a área cultivada com soja em detrimento ao milho.

Levantamento da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) aponta uma redução de 3,7% na área de milho e aumento de 1,5% na de soja no estado. Em 2009, o Rio Grande do Sul cultivou 4,021 milhões de hectares com a oleaginosa. Para a próxima temporada estão previstos 4,083 milhões de hectares. Em relação ao milho, o espaço deve sair de 1,151 milhões de hectares a 1,109 milhões de hectares.

No entanto, para João Carlos Werlang, presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho), a queda na área do cereal no Rio Grande do Sul pode atingir 30%.

De acordo com Londero, com as incertezas climáticas e a previsão de intensidade do fenômeno La Niña, além de cotações desestimulantes, a tendência é a de que os produtores no Brasil migrem de uma cultura para outra.

Tanto que o Mato Grosso estima, segundo Carlos Fávaro, diretor administrativo da Aprosoja/MT, reduzir em até 3% a área de soja e ampliar em 2% a de algodão. "A viabilidade econômica para o algodão é maior", afirma.

Dados da Scot Consultoria mostram que a produção mato-grossense de milho não deve atingir 500 mil toneladas.

No Rio Grande do Sul, segundo Rafael Ribeiro de Lima Filho, apesar de os preços da soja estarem firmes, os valores praticados hoje são menores do que em anos anteriores. "A volatilidade de preços é mais intensa na soja. Como podem cair, podem reagir rápido."

Para o analista, a maior liquidez da soja, tanto no mercado interno como no externo, torna a oleaginosa mais atrativa para o Rio Grande do Sul. "Após queda de cinco meses nas cotações do milho, e mesmo com a reação em agosto, a tendência é baixista."

De acordo com Filho, o governo federal, que ajudou a escoar 11 milhões de toneladas de milho, este ano não pretende realizar mais leilões. "Ainda tem milho para ser colhido no Paraná. Nas próximas semanas deve entrar pelo menos mais três milhões de toneladas no mercado."

Segundo Londero, atualmente apenas o Mato Grosso detém dois milhões de toneladas de milho sem comercialização. Estatística da Scot prevê um estoque de passagem de milho em torno de 10 milhões de toneladas. "São três milhões a mais em relação a 2009", afirma.

A vantagem da soja em relação ao milho, ainda de acordo com o analista, também está na previsão de demanda firme para a safra 2010/2011. "Isso deve sustentar os preços", afirma.

Londero não prevê grandes alterações nas cotações da oleaginosa para 2011. "Se o dólar permanecer nos patamares atuais vai segurar os preços da soja", diz, lembrando que hoje os valores reagiram em função do período de entressafra. "Os preços estão bom em dólar, mas internamente com o achatamento da moeda, o preço não está bom", acrescenta.

Segundo Londero, na região de Missões, a saca da oleaginosa está em torno de R$ 36. "Direto com o produtor os preços variam de R$ 39 a R$ 41 a saca", afirma.

Para Londero, a renda do produtor nacional está comprometida. "A política brasileira com relação a renda é equivocada, por isso o elo com os chineses", diz.

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