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China reduz compras e soja mostra tendência de queda

O movimento cíclico que atua sobre as commodities agrícolas já mostra seus efeitos nas cotações e na demanda


O movimento cíclico que atua sobre as commodities agrícolas já mostra seus efeitos nas cotações e na demanda por soja, que até julho estavam em aceleração. Além dos preços, a China - principal comprador mundial da oleaginosa - também demonstra apetite menor nas importações.

Os preços futuros do grão apresentam um cenário invertido para os próximos meses, com os contratos mais recentes registrando cotações melhores que aqueles com vencimento posterior. Os papéis com vencimento em agosto fecharam essa terça-feira (11) precificados a US$ 12,10 por bushel, recuando em relação ao pregão anterior quando estiveram cotados a US$ 12,16. Os contratos para setembro e novembro encerraram o dia a US$ 10,95 o bushel e US$ 10,37 o bushel, respectivamente. O contrato mais distante, de julho de 2010, está fixado em US$ 10,23 o bushel.

O panorama se agrava pelo fato de que a China começa a demonstrar desaceleração nas suas aquisições de soja. Após o recorde do mês de junho, quando adquiriu 4,71 milhões de toneladas, o país asiático recuou suas compras mensais para 4,39 milhões de toneladas. O fracasso nos leilões do governo chinês para o escoamento do produto vem sendo apontado como o principal motivo para a redução das compras.

"O excesso de importações nos meses anteriores e as incertezas relativas aos leilões dos estoques governamentais poderão evitar que as importadoras comprem demais nos próximos meses", disse m Li Jianlei, analista da Cofco Futures Co., de Pequim.

No primeiro leilão do mês de agosto, no último dia 5, o governo chinês vendeu 1% das 502,1 mil toneladas de soja armazenada, depois de não ter conseguido comercializar nada num leilão anterior, segundo o Centro Nacional de Comércio de Grãos e Óleos. O órgão vai realizar outro leilão de soja hoje. "Prevemos que as importações chinesas de soja cairão para menos de 3 milhões de toneladas ao mês em agosto e em setembro, e que as importações totais não deverão ultrapassar 5 milhões de toneladas nesses dois meses", disse Li.

O governo chinês está realizando leilões para garantir o abastecimento e estabilizar preços, após comprar 7,25 milhões de toneladas de soja da safra de 2008 de produtores locais. Este ano os preços avançaram 11%, incentivando as importações.

No Brasil, alguns indicadores também sinalizam uma maior dificuldade para a comercialização da próxima safra. Estimativa feita pela AgraFNP, finalizada no dia 1º de agosto, mostra que cerca de 5,5 milhões de toneladas da safra 2009/2010 de soja está comprometida, sendo que no mesmo período do ano anterior o volume vendido era de 9,8 milhões de toneladas.

O aumento em 32 milhões de toneladas da produção mundial de soja na próxima safra mundial do grão, para 202 milhões de toneladas, é uma boa perspectiva de colheita para os três maiores países produtores - Estados Unidos, Brasil e Argentina - e também deverá contribuir para o arrefecimento dos preços.

"No início do próximo ano, quando for confirmada a safra cheia na América do Sul, os preços deverão ser ainda mais pressionados. O produtor está esperando os preços aumentarem para fixar, mas a tendência é a de que a venda futura se acelere", avaliou Pedro Collussi, analista da AgraFNP. Ele destacou ainda que a média dos preços na próxima safra não devem se manter nos mesmos patamares da temporada 2008/2009, mas que a queda nas cotações deverá ser compensada pela redução nos custos de produção, mantendo a rentabilidade dos agricultores.

O equilíbrio entre preços e custos deve refletir em um aumento moderado na área brasileira da soja na safra que será plantada no final do ano. De acordo a AgraFNP, a área de soja deverá crescer 380 mil hectares em relação à safra anterior, passando para 22,1 milhões de hectares em 2009/2010. A maior parte desta alta deverá se concentrar na região Sul do País, onde a oleaginosa avançará sobre áreas de milho.

O desastre climático e financeiro nas safras de verão e inverno debilitou a capacidade financeira do produtor no sul do Mato Grosso, que deverá reduzir a área agrícola para financiar a produção da próxima safra.

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