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China sustenta a venda de celulose brasileira em 2009

Com um aumento vertiginoso, a China passou a ser o maior destino das vendas brasileiras


Começa hoje a temporada de balanços trimestrais do setor de papel e celulose com a divulgação dos números da Aracruz, que deve apresentar lucro líquido em função da valorização do real ante o dólar, mas cujo resultado operacional deve ser fraco.

No geral, segundo a Associação Brasileira de Celulose e Papel (Bracelpa) no primeiro semestre de 2009 o desempenho das empresas do setor apresentou disparidades quando o assunto é papel ou celulose. No primeiro, as vendas caíram na maior parte dos segmentos. Em celulose, o resultado foi positivo, puxado em grande parte pela China, que aumentou em 119% a importação do Brasil, em comparação ao mesmo período de 2008. Esse movimento é a combinação entre a competitividade da celulose nacional e a retirada de capacidade na Europa e na Ásia, que somam 7 mi de toneladas, mais de 10% da produção mundial entre fibra curta e longa.

Com esse aumento vertiginoso, a China passou a ser o maior destino das vendas brasileiras. Esse fenômeno já vinha sido notado pelas empresas do setor. De acordo com o diretor presidente da Cenibra, Fernando Fonseca, as vendas para o país oriental subiram praticamente 100%. "A China representava 15% de nossas vendas, hoje, esse nível é de 30% e como aquele país está em crescimento, ainda é um mercado que tem muito potencial de crescimento", explicou o executivo. Fonseca disse ainda que a China absorveu uma boa parte da demanda que sobrou no mercado em decorrência da retração na Europa, Japão e Estados Unidos.

Outra empresa que registrou esse movimento de mercado é a Suzano, que, segundo seu presidente, Antônio Maciel Neto, já é o destino de 50% das exportações. "A China tem compensado a queda nos outros mercados" disse ele. "Anteriormente, a Suzano vendia cerca de 30% agora nos primeiros cinco meses metade das exportações foram para lá, embora os preços tenham ficado menores", completou ele.

A Aracruz já havia registrado o aumento da demanda global por celulose de fibra de eucalipto no primeiro trimestre do ano em 64%, principalmente em função da China. A VCP, que apresentará seus resultados amanhã à tarde, também afirmou em seu comunicado com as perspectivas para o final do trimestre que o país oriental apresentava um aumento de demanda.

Contramão

De acordo com a presidente da Bracelpa, Elizabeth de Carvalhaes, o primeiro semestre mostrou um dado importante, o de que o setor de papéis parou de cair. O mercado doméstico no segundo trimestre apresentou melhora em relação aos três primeiros meses do ano, mas mesmo assim, no consolidado do semestre os números foram negativos. As vendas de papel cartão caíram 15% assim como para embalagens. No segmento de imprimir e escrever a queda foi de 8,5%.

"Na realidade, o único segmento que teve crescimento foi o do tipo tissue, aqueles utilizados para fabricar lenços", explicou a executiva. "Em relação ao ano passado o aumento foi de 1,5% nas vendas, costumo dizer que esse número é o resultado da grave crise, pois há muitas pessoas chorando", brinca Carvalhaes.

Para estimular a indústria e reverter esse quadro, a associação vem mantendo negociações com o governo para incluir no programa do livro didático a distribuição de um caderno para cada exemplar distribuído no País. Com isso, o setor conseguiria escoar mais 28 mil toneladas de papel.

Além disso, já há vitórias quanto a prazo de linhas de financiamento que passaram de 180 dias para três anos e ainda aumento do limite do cartão do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) de R$ 150 mil para R$ 500 mil para o setor.

A entidade negocia ainda, ainda junto ao banco de fomento, nova linha de crédito para o setor de celulose melhorar as condições de exportação, mas Carvalhaes não forneceu mais detalhes desse acordo que deve ser divulgado em breve.

"Com isso, esperamos fechar o ano de 2009 como o País que menos caiu com a crise mundial em 2009 e manter o quarto lugar no ranking de produção de celulose", ressaltou a executiva.

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