CI

Chineses negociam compra de soja no Brasil


A queda na produção e um aumento vertiginoso no consumo estão levando os chineses literalmente a correr atrás da soja. Depois de várias visitas aos Estados Unidos e ao Brasil, no ano passado, mais uma missão chinesa visita, nesta semana, produtores e cooperativas no País. Segundo Chao En Hung de Oliveira, interlocutora da missão e dona da corretora Solidez, de São Paulo, os chineses não querem somente comprar soja, mas também estudam outros negócios, inclusive a possibilidade de adquirir algumas fazendas e processar grãos no País.

Ontem, na sede da Cooperativa dos Agricultores da Região de Orlândia (Carol), estiveram reunidos com a diretoria da cooperativa representantes de três das maiores empresas chinesas de grãos: a Huaken Cereal & Oil Co., cooperativa ligada a todas as fazendas estatais da China; a Heibei Oil and Fat Co., estatal da província de Hebei, com 90 milhões de habitantes, onde se localiza o porto de Tianjing e a capital Pequim; e a empresa privada Siwei, trading da província mais populosa da China, Henan, com 110 milhões de habitantes.

Escritório brasileiro

Hoje, a missão chega a Cuiabá (MT) e deverá ter audiência com Blairo Maggi, produtor de soja e governador do Mato Grosso, estado brasileiro líder na produção do grão. Estão programadas, ainda, visitas a fazendas em Sorriso (MT), Barreiras (BA) e Comigo (GO). "Estamos começando a negociar agora, mas o que os produtores de soja tiverem para nos oferecer, vamos querer", disse Chao.

Segundo Chao, as três empresas chinesas se associaram com a finalidade de abrir um escritório no Brasil, para investir exclusivamente no agronegócio. Além de comprar soja, os chineses pretendem adquirir óleo de soja, óleo de caroço de algodão e caroço de algodão, além de exportar fertilizantes e herbicidas. A Huaken já abastece com adubos e defensivos químicos todas as fazendas estatais chinesas, segundo informa Chao.

Maior cliente

Com um quinto da população do planeta e crescimento médio do Produto Interno Bruto (PIB) de 7% ao ano nos últimos anos, a China vem ampliando suas compras de insumos e matérias-primas no Brasil e já é, individualmente, o maior comprador de soja e de minério de ferro brasileiros.

Afetada por problemas climáticos e redução da área plantada, a China produzirá em torno de 16 milhões de toneladas de soja nesta safra, que termina em setembro. Mas, como consumirá 36 milhões de toneladas, ou mais, precisará importar pelo menos 20 milhões de toneladas. Deste total, 10 milhões deverão ser compradas dos EUA e 10 milhões da América do Sul, com o Brasil à frente. Além disso, segundo Chao, o país asiático precisará importar 15 milhões de toneladas de óleo de soja.

A diretoria da Carol não chegou a fechar negócio ontem com os chineses. "Podemos começar com um navio neste ano, porque nossa produção já está comprometida para 2004", disse José Oswaldo Galvão Junqueira, o Maninho, presidente da Carol. Segundo ele, volumes maiores poderão ser exportados para a China a partir de 2005.

A Carol captou 1,135 milhão de toneladas de grãos em 2003, das quais 950 mil toneladas de soja. Deste total, 30,32% vieram de São Paulo; 51,23%, de Minas Gerais; e 18,45%, de Goiás.

A Carol está sendo cuidadosa para fechar contratos de exportação com os chineses devido aos problemas logísticos no Brasil. "Se quiserem comprar ao preço FOB nos nossos armazéns, tudo bem", afirmou José Antônio Freitas Barbosa, gerente comercial da Carol. "Mas os chineses precisariam se responsabilizar por toda estrutura de transporte e logística do grão, o que não é nada fácil."

Segundo Barbosa, para que os negócios com os chineses floresçam, "seria necessária uma ampla parceria envolvendo os governos dos dois países, principalmente os ministérios dos Transportes e da Agricultura, produtores e cooperados". Para Barbosa, para facilitar o escoamento dos grãos, os chineses também poderiam investir em terminais marítimos para embarque da soja, como já fizeram nos Estados Unidos.

A corretora Solidez, segundo Chao, é associada à Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F) e à Bolsa de Valores do Estado de São Paulo (Bovespa) desde 1992. "Representamos o governo chinês e podemos conseguir financiamento a custos menores do que os que existem por aí."

Os chineses também pretendem negociar a soja brasileira com os preços desvinculados da bolsa de Chicago (ver abaixo). "Gostaríamos de formar o preço da soja brasileira na BM&F.

Assine a nossa newsletter e receba nossas notícias e informações direto no seu email

Usamos cookies para armazenar informações sobre como você usa o site para tornar sua experiência personalizada. Leia os nossos Termos de Uso e a Privacidade.