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Chuva não reverte crise na pecuária paranaense

Nem mesmo as chuvas registradas na semana passada devem resolver a situação nos próximos dias


A crise na pecuária aumenta na região Oeste do Estado. Nem mesmo as chuvas registradas na semana passada devem resolver a situação nos próximos dias, com o fortalecimento dos pastos. Depois do longo período de estiagem, que levou os preços aos patamares mais baixos dos últimos anos, o setor encontra como principal barreira a desvalorização do dólar, que compromete principalmente a exportação da carne bovina.

Se as reclamações dos criadores eram constantes em outubro do ano passado, quando a arroba do boi custava cerca de R$ 60, agora muitos estão em situação de desespero e já pensam em mudar de ramo, pois a arroba não passa dos R$ 52. A arroba da vaca estava custando R$ 54 e hoje não chega a R$ 44.

Quem comprova o problema é o presidente da Sociedade Rural do Oeste do Paraná (SROP), Levi Ditrish, que tenta conscientizar os pecuaristas para não venderem o gado nesse momento. "Com as chuvas, contávamos com a melhoria nos pastos, mas infelizmente isso não influencia nos preços de mercado. Estamos tentando mostrar aos produtores que manter o animal no pasto é a melhor alternativa para forçar o aumento nos preços, pois diminuindo a oferta, logo os preços também aumentam", explica.

No entanto, Ditrish reconhece: "mesmo que a orientação é para que os criadores não vendam o gado, sabemos que cada caso é um caso e as pessoas dependem da comercialização do produto para sobreviver e manter os custos da criação, então muitos se obrigam a vender", lamenta. "O que queremos é impedir que os produtores abandonem as tentativas de manter uma organização que influencie nos preço do setor. Felizmente, mesmo com todos os problemas, estamos conseguindo manter amena a situação, mas não sabemos até quando vai durar se os preços continuarem reduzidos como estão. Esperamos a alta do dólar para que a pecuária volte a atingir bons preços", lembra.

Custo x lucro

Para os pecuaristas que mantêm o gado no confinamento, o custo diário é de R$ 1,80/dia para cada animal, o que torna a situação inviável, já que a alimentação e as vacinas alcançam os preços mais altos dos últimos anos, em decorrência das alterações do Índice Geral de Preços de Mercado (IGPM).

Uma dose de vacina contra o carbunclo -doença que pode matar o bovino em 12 horas-, por exemplo, custa em média R$ 0,75. "Atualmente não há renda, e sim prejuízo em criar gado. Precisamos controlar a situação de modo que a atividade se torne mais barata. Entretanto, não há como ficar livre de algumas das despesas. A pecuária é um ramo caro e depende de constantes investimentos", salienta o presidente da SROP.

Mas além de manter o gado, Ditrish orienta os pecuaristas a pressionarem os frigoríficos para comprarem o produto e aumentar as exportações -que hoje representam 20% de toda a produção-, já que o mercado interno do país está ficando comprometido pelo baixo poder aquisitivo da sociedade brasileira, "que reduz cada vez mais", destaca.

Filão

Um produto que também tem tomado o mercado da carne bovina no Brasil é o frango, cujo custo de produção é "infinitamente menor" e já se tornou uma alternativa barata para o consumidor. A região Oeste é considerada uma das maiores criadoras de aves do país e cada vez mais tem ganhado espaço na exportação. "Da mesma forma está o suíno, que vem tomando o lugar do gado nas vendas", afirma Ditrish.

Livre da aftosa

A Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento (Seab) simbolizou ontem o início da campanha de vacinação contra a febre aftosa na região Oeste. Em todos os anos, a campanha começa no dia 1o de maio, mas ao fato de a data ter coincidido com o final de semana, as atividades foram realizadas somente nesta segunda-feira. Desde ontem todas as casas de produtos agroveterinários estão autorizadas a fazer a venda da vacina contra a aftosa. Durante o ato, na Escola Presidente Kennedy, em Cascavel, o chefe do núcleo regional da Seab fez a aplicação da dose em um bovino, demonstrando a importância da vacina para o gado.

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