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Cidade cria cooperativa de óleo vegetal e atrai Syngenta


Cultivar girassóis, colher suas sementes e vendê-las à indústria de óleo vegetal não era um negócio promissor para os produtores de Campo Novo de Parecis, a 400 quilômetros de Cuiabá (MT) - somente os gastos com transporte já superavam a remuneração da oleaginosa. E foi por conta disso que eles se juntaram, investiram R$ 10 milhões para abrir uma fábrica e passaram a transformar a matéria-prima em produto final. Nesse processo, os custos logo foram cobertos e a chamada Parecis Alimentos se viu na liderança de um mercado.


No ano passado, a multinacional de insumos Syngenta, que vem fazendo pesquisas sobre o óleo de girassol há cinco anos, resolveu investir na iniciativa mato-grossense - que hoje conta com 110 sócios (43 produtores rurais) e vinte mil hectares. A companhia começou a enviar sementes e fertilizantes ao município e a apoiar a comercialização do óleo, tendo em vista a sua própria participação na disseminação da cultura pelo Brasil.

A atratividade e o potencial do girassol são explicados pelas vantagens que a planta oferece, nos campos de produção, industrialização e consumo: em primeiro lugar, a flor pode ser semeada num período posterior ao plantio da soja, do algodão e do milho (de verão e "safrinha"), servindo como uma espécie de tapa-janela, em função de seu baixo consumo de água. A demanda industrial pelo óleo vegetal cresce conforme aumenta a procura, nos supermercados, por produtos com pouca gordura saturada - uma preocupação com a saúde, típica do consumidor atual.

"Esse mercado de óleo é, hoje em dia, o que o mundo quer consumir. A indústria de salgadinhos consome todo o volume, e ainda há demanda, por isso estamos fomentando a produção", explicou o presidente da Parecis Alimentos, Ernesto Martelli. "Apenas um de nossos clientes demanda muito mais do que podemos fornecer", contou, sem revelar qual seria a empresa.

A produção de sementes de girassol em Campo Novo de Parecis deve girar em torno de 30 mil toneladas neste ano, com produtividade estimada entre 1,5 e 1,8 mil quilos do grão por hectare. Desse volume, 10,5 mil toneladas (ou algo entre 35% e 38%) devem ser transformados em óleo vegetal. O resto é farelo, destinado ao consumo, em forma de ração, nos confinamentos da região.

"Nossa produção está limitada à capacidade industrial. 100% da nossa indústria está tomada", disse Martelli. "Mas há demanda para cem mil toneladas", estimou o produtor-empresário. E, segundo ele, o Brasil vem reduzindo as importações do produto da Argentina, de onde tradicionalmente vinha o óleo de girassol, porque a qualidade da semente brasileira é maior.



"Safrinha" amarelo

Nas projeções do gerente de Novos Negócios da Syngenta, Alexandre Manzini, as lavouras de girassol devem ocupar, em 2015, 350 mil hectares no Brasil. Dois anos atrás, em 2010, a cultura se estendia por menos de onze mil hectares. "Tem regiões que já trocam o milho 'safrinha' por girassol, que hoje é uma cultura a ganhar espaço, como uma nova oportunidade para o agricultor", analisou o executivo encarregado da multinacional na América Latina.

A companhia mantém um projeto piloto com 70 produtores de girassol - dentre os quais, os de Campo Novo de Parecis -, aos quais oferece sementes (vindas de um banco genético da Argentina, segundo Martelli), defensivos agrícolas, assistência técnica e facilidade de comercialização. Em geral, são grandes produtores de soja, no cerrado e na Região Sul, que optaram pelo girassol como objeto de segunda safra.

"O girassol compensa porque exige baixo custo de investimento, consome pouca água e tem venda garantida", afirmou Martelli, que ontem esteve apresentando Novos Negócios da Syngenta em evento da companhia.

(Re)orientação

Na mesma ocasião, o diretor-geral da Syngenta no Brasil, Laércio Valentin Giampani, expôs as novas diretrizes da companhia (de origem suíça) no País: há uma busca por "criar intimidade" com o agricultor, bem como se aproximar do varejo e do consumidor de alimentos. Além disso, a valorização do meio ambiente, com economia de recursos naturais.

Quanto à comercialização de produtos em parceria com os produtores - a exemplo do mercado de girassol, Laércio explicou que "temos uma lista de 800 produtores com quem fazemos negócio face to face [cara a cara]. E uma rede de distribuição para atender mercados menores".

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