Pesquisadores do Instituto Forsyth, de Massachussets, nos Estados Unidos, conseguiram criar em laboratório um dente a partir de células de porco e implantar a prótese biológica em ratos.
Eles acreditam que a técnica pode permitir que, no futuro, dentes humanos biológicos sejam fabricados.
Os cientistas transformaram uma suspensão de várias células de um dente de um porco de seis meses em uma coroa contendo dentina e esmalte (camada de revestimento).
O médico Joseph Vacanti, diretor do Laboratório de Engenharia de Tecidos e Fabricação de Órgãos do Hospital Geral de Massachusetts e um dos pesquisadores envolvidos no estudo, afirmou que os resultados da pesquisa apontam o caminho para a correção odontológica com dentes biológicos, criados a partir de técnicas de fabricação de tecidos.
Revolução
Cientistas ressaltam a grande importância da descoberta da existência de células-tronco dentárias no tecido de molares de porcos.
“A comprovação da existência dessas células podem ser importantes em várias áreas da odontologia”, completou.
"A possibilidade de identificar, isolar e reproduzir células-tronco para usar em tratamentos dentários tem um potencial revolucionário para a odontologia”, disse o médico Dominck de Paola, que também participa do projeto.
Outros especialistas têm opiniões semelhantes às dos pesquisdores.
“O potencial desse avanço é enorme e pode ter um imenso impacto nos tratamentos dentários”, declarou o médico Bruce Donoff, do Centro de Produção de Tecidos Carniofaciais da Faculdade de Medicina Dentária de Harvard.
A médica Pamela Yelick disse à BBC que no futuro pode ser possível criar dentes humanos de formas e de tamanhos diferentes.
Ela acredita que dentro de cinco anos “vamos saber se as células-tronco vão poder ser manipuladas para se fabricar um dente”.
Mas a produção de um dente humano em laboratório pode demorar de dez a 15 anos.
Do porco ao rato
A pesquisa, que foi divulgada na publicação especializada Journal of Dental Research, utilizou enzimas para isolar células jovens dos dentes de porcos de seis meses de idade.
Essas células foram então colocadas em um polímero esponjoso e implantadas em ratos para que se desenvolvessem.
Segundo o artigo, em 30 semanas foi formada uma pequena coroa, contendo todos os elementos encontrados em um dente normal.
A coroa continha dentina – a camada intermediária entre a polpa e o esmalte, o marfim do dente –, uma cavidade para a polpa, cemento – material que reveste a raiz – e esmalte – a camada externa e protetora do dente.
Segundo os pesquisadores, essa é a primeira experiência bem-sucedida de uma prótese de dente maduro com dentina e esmalte.
Outros especialistas já conseguiram produzir dentes com polpa e dentina, mas nunca com cerâmica.
Atualmente os implantes com dentes artificiais não se assentam tão bem na arcada quanto os dentes naturais.
Além disso, a mordidade de uma pessoa muda com a idade, e os dentes artificiais não acompanham tão bem o movimento da mandíbula com o passar dos anos.
Teoricamene, um dente biológico fabricado teria as mesmas características de um dente natural