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Citricultores acusam indústrias de não cumprirem acordo

Os produtores acusam as indústrias de não cumprirem o acordo de US$ 4 a caixa


Os produtores de laranja estão acusando as indústrias do setor de não cumprirem o acordo de preços firmados com a Federação da Agricultura do Estado de São Paulo (Faesp) que garante o piso mínimo de US$ 4 a caixa. Algumas empresas estariam atrelando o pagamento do piso à assinatura de um contrato de fornecimento do produto por um prazo de mais dois anos.

"Temos denúncias dos citricultores de que a indústria está condicionando o reajuste à extensão do contrato por um período de um ou dois anos a mais nos mesmos preços dos contratos anteriores. Quem está endividado se submete a estas condições", diz Flávio Viegas, presidente da Associação Brasileira dos Citricultores (Associtrus).

Apenas a Cutrale assinou o acordo. A expectativa é que Coinbra assine o documento nesta semana e, posteriormente, Citrosuco. Viegas diz que apesar do acordo firmado, o preço está abaixo do custo de produção, estimado em US$ 7 por caixa. Segundo ele, na Flórida, Estados Unidos, os citricultores recebem US$ 12 por caixa.

Para o diretor da mesa de citricultura da Faesp, Marco Antônio dos Santos, o acordo está muito bem. Segundo ele, como no documento existe um clausula atrelada à variação da Bolsa de Nova York (Nybot), muitos produtores vão conseguir ganhos de até US$ 1,5 a mais por caixa.

Denúncia

Alan Kenji Minowa, produtor de laranja de Mogi-Guaçu, acusa a indústria Cutrale de não cumprir integralmente o acordo. "Eles (a Cutrale) até pagam US$ 4,00 por caixa na safra atual, mas querem que nas próximas três safras o preço seja de US$ 3,50, o equivalente à metade do custo de produção", diz.

A Cutrale, segundo o produtor, também estaria exigindo que ele venda, nesta safra, 30 mil caixas a US$ 3,00 por caixa, enquanto o mercado spot paga até US$ 7,30 por caixa. "O contrato de longo prazo é benéfico para ambas as partes, mas, no momento, o produtor está seduzido pelo mercado spot, que é muito volátil", afirma José Cervato, diretor administrativo-financeiro da Cutrale. Segundo ele, dois anos atrás o mercado spot pagava muito menos do que os valores contratados com a indústria.

"É natural que, à medida que damos um benefício ao produtor, solicitamos uma contrapartida que, por exemplo, pode ser a prorrogação do contrato por mais um ou dois anos, entre outros itens ainda a serem negociados", diz Cervato.

Cervato diz ainda que o acordo da indústria com a Faesp implica na negociação caso a caso com fornecedores e, em princípio, foi fechado para melhorar os preços apenas da atual safra. "Em março, faremos novas reuniões para discutir o futuro", diz Cervato.

Para o presidente da Associtrus, "essa renegociação levará os citricultores à insolvência e a maioria deles será forçada a se juntar aos cerca de 20 mil citricultores que já abandonaram a atividade nos últimos anos". Negociado desde maio de 2006 entre Faesp e a indústria, o acordo foi fechado em 4 de agosto e assinado apenas no último dia 20 de dezembro.

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