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Citricultores voltam a investir no setor



Fernanda Yoneya

Os bons preços da laranja verificados de dois anos para cá têm animado os citricultores a renovar a frota de máquinas agrícolas e a ampliar e tecnificar os pomares. A quebra de duas safras consecutivas na Flórida (EUA) - o principal concorrente do Brasil no mercado mundial de suco de laranja - reduziu a oferta externa, elevou os preços da commodity e o valor da fruta no mercado interno para produtores que renegociaram contratos com a indústria nesse período.


Há três anos, o preço da tonelada de suco de laranja concentrado era de US$ 800. Hoje, a cotação está em US$ 2 mil, diz o consultor Carlos Cogo, de Porto Alegre (RS). O preço da caixa de laranja, em janeiro de 2005, estava em R$ 7,08. No mês passado, estava cotada em R$ 13,46.

Gotejamento

Na Cambuhy Agrícola, de Matão (SP), desde o ano passado, 800 hectares, de um total de 8 mil cultivados com citros, são atendidos por um sistema de irrigação por gotejamento. "Antes estava inviável investir em irrigação", diz o diretor-geral da Cambuhy, José Luiz Amaro Rodrigues. "Agora está dando para o citricultor aumentar a tecnificação."

Rodrigues diz que foi um investimento que valeu a pena: "Enquanto 1 hectare sem irrigação produz entre 800 e mil caixas de 40,8 quilos, em sistema irrigado a produtividade sobe para 1.500 caixas."

Alto custo

Mas os custos do sistema são altos. "É preciso comprar bombas, construir redes para ter energia elétrica, seguir os procedimentos legais para o fornecimento de água, perfurar poços, planejar a parte de construção civil e obter todas as licenças necessárias", enumera Rodrigues, que gastou R$ 6 mil/hectare no sistema.


Outro investimento foi a compra de 13 tratores, de uma frota de 100. A Cambuhy produz 5 milhões de caixas de laranja e tem contratos de longo prazo com a indústria. "São contratos de cinco anos e, conforme o poder de negociação do produtor, é possível prever a oscilação de preços a longo prazo", diz.

Na Fazenda Água Milagrosa, em Tabapuã (SP), o cenário positivo também estimulou o investimento na tecnificação. No ano passado, 80% da frota de tratores foi renovada - são 120 tratores - e a irrigação já chega a 2 mil hectares, em uma área total de 5 mil hectares. "É um investimento importante porque aumenta a competitividade", diz o gerente agrícola da fazenda, Marcelo Carminati de Almeida.

A produção da fazenda é de 3 milhões de caixas de laranja, destinadas integralmente à indústria. Segundo Almeida, sem irrigação a produção é de, no máximo, 800 caixas/hectare. Já a área irrigada rende, no mínimo, 1.200 caixas/hectare.

Treinamento

Para fazer o investimento na frota valer a pena, os cerca de 180 funcionários da propriedade são treinados para operar as máquinas. "Com isso, a máquina dura mais. Os equipamentos quebram menos e cai o custo com manutenção."

O gerente-geral da empresa fabricante de equipamentos de irrigação NaanDan, em Leme (SP), Alfredo Mendes, diz que em 2007 houve um aumento nas vendas de pelo menos 15% para produtores de citros, em comparação com 2006. "O preço do suco no mercado externo estimulou as vendas, sobretudo para médios e grandes produtores", diz. Ele também atribui o aquecimento do mercado à renegociação de contratos feita em 2007 por parte dos produtores.
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