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Clima impacta trigo pelo mundo

Foram avaliadas Argentina, Canadá, EUA, Paraguai, Rússia, UE e Uruguai


Foto: Marcel Oliveira

O clima andou prejudicando o trigo no Brasil. Geada, falta de chuva e até neve levaram a uma quebra em torno de 35% no Rio Grande do Sul, por exemplo. De acordo com a Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo) os países produtores pelo mundo também sofreram com efeitos do clima e outros fatores. Esse cenário foi discutido em um webinar com a cadeia produtiva nesta quinta-feira (5). 

Os participantes discutiram as perspectivas da safra, qualidade, volume, estoques e comportamento de preços na Argentina, Canadá, Estados Unidos, Paraguai, Rússia, União Europeia e Uruguai. Co, uma safra recorde no mundo, cerca de 773 milhões de toneladas, a expectativa era baixa nos preços. Ao contrário do que era esperado com o dólar elevado, os moinhos tiveram aumentos substanciais no custo de produção e o repasse para os preços das farinhas deve ocorrer em breve. A Argentina, por exemplo, nesta mesma época no ano passado, vendia trigo a US$ 180/tonelada e hoje se fala em US$ 250, um crescimento de 36% em relação a 2019. 

Os vizinhos argentinos podem ter prejuízos pelo clima. Fortes ondas de calor, pouca chuva e geadas refletiram sobre lavouras de Córdoba e Santa Fé. A expectativa para colheita em junho era de 20,5 milhões de toneladas. Em setembro, o cálculo foi refeito e chegou-se em 18 milhões de toneladas. Porém, esse valor provavelmente será ainda inferior e a Argentina deve chegar 16,8 milhões de toneladas de trigo produzidas em 2020. O país teve menos área plantada nesta safra, com 165 mil hectares a menos. 
No Canadá a safra está excelente em volume e qualidade. Os produtores já terminaram a colheita e com apenas 2% de aumento da área plantada, a produção obteve um rendimento 45% maior, considerado acima da média dos últimos dez anos, com média de 3,55 toneladas colhidas por hectare e volume total de 764 milhões de toneladas. 

Os Estados Unidos exportaram o maior volume dos últimos quatro anos. Destaque para a América do Sul que, de janeiro a outubro, comprou 2,25 milhões de toneladas, sendo que o Brasil teve participação de 32%. As exportações de trigo dos EUA para o Brasil aumentaram de 91% em relação ao ano passado, saltando de 376 mil toneladas para 721 mil toneladas embarcadas. O baixo nível de umidade dos solos não é exclusivo da América do Sul. Também há uma preocupação por parte dos produtores norte-americanos de que a umidade não seja suficiente para germinar o trigo com previsão de colheita em 2021.

No Paraguai a forte estiagem e as geadas tardias também comprometeram a qualidade do trigo. As estimativas para 2021 são de 400 mil hectares de área plantada, com produção estimada em 2,95 toneladas/hectare, alcançando um total de 1,18 milhões de toneladas, sendo que o Brasil é responsável pela compra de 222 mil toneladas. Na questão de preços, o produtor deverá receber U$ 225/tonelada.

A Rússia cumpriu a promessa de trazer aos moinhos brasileiros uma qualidade diferenciada e preços competitivos. Os primeiros navios aportaram nos últimos dois anos e, em 2020, o país deve encerrar a entrega de 235 mil toneladas. Com extensas áreas disponíveis, vocação para culturas de inverno e corredores logísticos estabelecidos, a Rússia tem potencial para alavancar ainda mais e estender a produção exportação do grão. Para 2021, são esperados 83 milhões de toneladas, sendo que 39 milhões são destinadas a outros países, fazendo da Rússia a líder global em exportação de trigo. As questões climáticas também preocupam os russos, pois este ano registrou-se o maior déficit hídrico desde o final dos anos 90. 

Na União Europeia expectativa de queda na produção nos principais países como na França, Alemanha, Inglaterra e Bulgária. Isso ocorreu devido à competitividade da Lituânia e dos países bálticos. A área de semeadura também foi reduzida e o clima impactou a produção, pois a primavera foi seca e a produtividade caiu em consequência. Este ano, a exportação deve chegar aos 7 milhões de toneladas. Para os europeus, este ano tem sido especial graças à entrada de um novo cliente.  Com o fechamento do mercado americano, a China passou a comprar trigo francês, alcançando 1,5 milhões de toneladas até agora, com perspectiva de incremento de mais 1 milhão de toneladas.

Por fim o Uruguai está no final da sua colheita e os números da safra serão conhecidos em dezembro. A expectativa é de que o país deve alcançar 776 mil toneladas de trigo colhidas. A área semeada deve reduzir em 8%.  Até o momento, o cultivo apresenta um estado sanitário excelente. O produtor uruguaio também deve comemorar no preço pago. Para a nova safra 2020/2021, a expectativa é de U$ 203/tonelada, em média, o que representa um aumento de 19% a mais do que foi recebido há um ano: U$ 171/tonelada.
 

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