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Clima seco favorece colheita de laranja no estado de São Paulo


A colheita da safra brasileira de laranja está sendo beneficiada pelo registro de clima seco, que favorece os trabalhos dos produtores. Com perspectiva de registro de chuvas somente no final do mês nas regiões produtoras do estado de São Paulo, os trabalhos se tornarão mais intensos em setembro, pico de colheita da produção 2003/04, que foi iniciada no mês de junho. As projeções, no entanto, são de que a colheita seja finalizada com atraso de um mês este ano. Isso, porque o clima excessivamente quente e seco registrado no segundo semestre de 2002 alterou o ciclo de floradas.

A primeira florada, entre julho e agosto, foi quase integralmente perdida, devido a forte estiagem verificada nos meses de agosto, setembro e outubro. Depois desta, ocorreram outras duas floradas: uma em outubro e outra em dezembro do ano passado. "Com isso, as frutas encontram-se em diversos estágios de maturação", afirma Nelson Martim, coordenador do Instituto de Economia Agrícola (IEA).

Além de ser concluída com atraso, a colheita atual requer mais cuidado, uma vez que em setembro ocorre a principal florada da próxima safra. "Como as árvores estão carregadas de frutos e de flores, os produtores tem que tomar cuidado para não prejudicar a produção do próximo ano", diz.

Os cuidados com a nova florada contribuirão ainda mais para o atraso da colheita, que tradicionalmente se encerra no mês de novembro, mas que este ano deve avançar pelo mês de dezembro.

A alteração no ritmo da florada passada deve provocar redução de 8,3% na safra brasileira 2003/04, em comparação com o período anterior. Projeções do IEA apontam para uma produção de 331 milhões de caixas de 40,8 quilos, em comparação com as 361 milhões de caixas colhidas no ano passado. Com o clima seco, as floradas são antecipadas e mais numerosas. Por este motivo os frutos ficam expostos às altas temperaturas registradas no verão.

"Esse foi o principal fator para a quebra da safra atual", afirma Martim. Os pomares do estado de São Paulo, principal pólo produtor de laranja do Brasil, ocupam este ano uma área de 658,9 mil hectares, uma ligeira redução de 0,36% sobre a área em produção da safra passada. Já a produtividade caiu 7,2% para 23,3 mil quilos por hectare, em comparação com os 25,1 mil quilos por hectare do ano passado. Segundo a Associação Brasileira dos Exportadores de Cítricos (Abecitrus), a produção deve chegar a 290 milhões de caixas de 40,8 quilos, volume 19,6% menor que as 361 milhões da safra passada.

Com demanda estável no mercado interno e uma quebra modesta na safra, os preços da laranja estão em queda, se comparados à igual período do ano passado. Segundo levantamento do IEA, os preços médios da caixa de laranja se situavam em R$ 8,94 no mês de agosto deste ano, uma queda de 2,8% sobre os preços pagos em igual período do ano passado, que oscilavam em R$ 9,20 por caixa.

Consumo estável

"No início do ano, os preços chegaram a atingir R$ 18, mas a alta não se sustentou devido à estabilidade do consumo no mercado interno", diz o coordenador. Os preços oferecidos pelas indústrias se situam em R$ 9 a caixa, uma queda de 25% em relação às cotações de fevereiro deste ano.

No mercado internacional os preços futuros do suco de laranja congelado e concentrado acumulam queda de 3% no mês, devido às projeções do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) indicando aumento de 16,4% na safra da Flórida, que deve render a produção recorde de 226 milhões de caixas este ano.

kicker: Os preços da fruta caíram 8,9% em agosto em relação ao mesmo período do ano passado

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