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CNA pede R$ 56 bilhões para financiar safra 2004/05


Produtores solicitam aumento de quase 30% dos recursos e a equalização dos juros a 8,75%. Para financiar o setor rural neste ano, a demanda por crédito será de R$ 56,2 bilhões, segundo levantamento efetuado pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). O volume de recursos necessário para o setor agrícola na safra 2004/05 representa 27,7% a mais em relação à solicitação efetuada pelos produtores rurais para a safra 2003/04, de R$ 44 bilhões. O volume sinalizado pelo governo no ano passado não atingiu porém tal montante e ficou em R$ 32,5 bilhões, informa Getúlio Pernambuco, chefe do departamento econômico da CNA.

A agricultura, informa Pernambuco, vem crescendo muito nos últimos anos e para que haja continuidade desta expansão "é necessário que o setor tenha acesso a tais recursos de crédito para custeio e comercialização a juro equalizado de 8,75%", afirma.

Nos últimos dois anos, o PIB agropecuário subiu muito, 8,8% em 2003 e 6,5% em 2002, segundo dados da CNA. "O PIB agropecuário no ano passado fechou em R$ 503 bilhões", diz Pernambuco.

Em relação às exportações do agronegócio, as receitas aumentaram 23% em 2003 e 21% em 2002. A arrecadação com as vendas externas de produtos agropecuários totalizou US$ 30,6 bilhões em 2003, o que representa aumento de 23,3% em relação ao ano anterior, que havia totalizado US$ 24,8 bilhões. O saldo positivo do agronegócio foi de US$ 25,5 bilhões.

Custo maior

Desta forma, continua o economista, "o agronegócio foi responsável por 41,9% das exportações brasileiras em 2003, que somaram no total US$ 73 bilhões", afirma.

A elevação dos custos de produção do setor, como reflexo do aumento dos preços médios dos fertilizantes e dos defensivos agrícolas, além do aumento previsto na área cultivada, justificariam o pedido de mais verba para a agricultura segundo o economista da CNA. A área cultivada com grãos e algodão aumentou 7% na safra passada e deve subir 9% este ano, segundo informações da CNA.

Outro dado que exprime a perspectiva de manutenção da expansão rural vem do exterior, segundo Pernambuco. "Há perspectivas de crescimento da economia mundial em torno de 3%, o que deverá elevar a demanda por alimentos."

Uma das sugestões da CNA para viabilizar a liberação de recursos para a agricultura seria o aumento das exigibilidades bancárias, o que garantiria R$ 2,7 bilhões a mais em recursos para o crédito rural. No ano passado, os bancos mantiveram em média R$ 54,4 bilhões de saldo em depósitos a vista. Hoje, as instituições financeiras são obrigadas por lei a aplicarem 25% do saldo, e a CNA sugere que seja elevado para 30%. Se aceito, o volume subiria aproximadamente para R$ 16,3 bilhões, em relação às estimativas de R$ 13,6 bilhões, diz Pernambuco.

Mudança nos juros

Outro pedido dos produtores rurais é de o governo permita que os bancos cooperativos apliquem recursos da poupança rural na concessão de crédito "com taxa equalizada de 8,75% ao ano, o que resultaria em aumento da oferta de crédito em mais R$ 1,5 bilhão".

Hoje estes bancos cooperativos operam a poupança rural, mas não têm condições de efetuar financiamentos com juros equalizados. "O ideal seria que o Tesouro arcasse com a diferença entre os recursos captados e os emprestados."

Segundo informou o presidente da CNA, Antônio de Salvo, sem acesso a crédito oficial "os produtores têm como única alternativa buscar financiamentos a juros de mercado, que até ultrapassam a faixa de 22% ao ano". De acordo com o produtor e líder rural, o juro mais elevado "inibe maiores investimentos e impede expansão da lavoura com maior fôlego".

Os programas de investimentos voltados ao setor rural, segundo Pernambuco, também precisariam ter redução nas taxas de juros. Um exemplo é o Programa de Modernização da Frota de Tratores Agrícolas, Implementos Associados e Colheitadeiras (Moderfrota). "Gostaríamos os juros nesta linha de crédito para tratores e colheitadeiras fossem reduzidos para 8,75% ao ano e financiasse 100% dos bens", afirma. Hoje os juros são de 9,75% para produtores com renda anual de até R$ 150 mil e de 12,75% para produtores com renda superior a este limite.

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