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Como o mercado de carnes será impactado pela guerra?

A falta dos fertilizantes, que é a grande preocupação do Brasil hoje, com relação à Rússia, afeta diretamente esses mercados de carnes


Foto: Marcel Oliveira

Se o trabalho dos auditores fiscais federais agropecuários (affas) foi desafiador durante a pandemia, a guerra da Rússia contra a Ucrânia chama a atenção para novos obstáculos que estão por vir dos mercados internacionais de carnes brasileiras. As perspectivas desse cenário serão o foco inicial do Seminário sobre Defesa Agropecuária (Sedagro), que debaterá vários temas durante os três dias evento, de 15 a 17 deste mês, em São Paulo. “A guerra se conecta com a situação da transição da pandemia”, afirma Leandro Feijó, diretor do departamento de temas técnicos, sanitários e fitossanitários do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), que é affa e será um dos debatedores do tema, durante o Sedagro, realizado pelo Sindicato dos Auditores Fiscais Federais Agropecuários, o ANFFA Sindical.

Para Leandro Feijó, os desafios gerados pela guerra passam a ser um desses fatores. “Nesse cenário atual, tudo que não pode haver nessas relações comerciais é a falta de previsibilidade e tranquilidade”, afirma, mas enfatiza que o momento não é para pânico, porque o tempo de duração da guerra é que será determinante para avaliar a gravidade dos impactos nos mercados internacionais de carnes brasileiras. “A falta dos fertilizantes, que é a grande preocupação do Brasil hoje, com relação à Rússia, afeta diretamente esses mercados de carnes, porque os fertilizantes são insumos utilizados na produção de ingredientes da ração desses animais, especialmente de aves e suínos”, esclarece.

O diretor de Mercados da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Luis Rua, também reconhece eventuais turbulências nas negociações de carnes brasileiras com mercados internacionais, por causa do ambiente hostil gerado pela guerra, mas enxerga o outro lado da moeda. Segundo Rua, ainda que a Rússia e a Ucrânia sejam compradores de carnes do Brasil, e que nesse momento nosso país esteja em desvantagem pelas sanções econômicas à Rússia, não dá para ignorar que tanto a Rússia quanto a Ucrânia são competidores diretos do Brasil. “A Ucrânia, por exemplo, é uma grande exportadora de carnes de aves para a Arábia Saudita, União Europeia e países do Golfo, mas temos relações sólidas com esses países, portanto há expectativa de que possamos suprir ainda mais esses mercados, conforme o tempo de duração da guerra”, avalia.

Luis Rua informa que 2,5% do total de carnes de aves exportados pelo Brasil em 2021, o equivalente a pouco mais de 100 mil toneladas, foram importadas somente pela Rússia, mas acredita que o fechamento dos portos na Ucrânia e as dificuldades logísticas da Rússia vão contribuir para aumentar a demanda pelo produto brasileiro na Arábia Saudita, União Europeia e países do Golfo.

Debates

Além de Leandro Feijó e Luis Rua, o presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (ABIEC), Antonio Camardelli, participará das discussões dos debates. Ele acrescenta que o painel trará a apresentação atualizada do cenário internacional e que com base nisso, será possível traçar um panorama tanto dos principais desafios, quanto das perspectivas para o setor de proteína animal neste ano.

Camardelli destaca ainda que a grande responsável pelo recorde de receita em exportações que o país atingiu em 2020, foi a integração público-privada. “Entendemos que uma cadeia produtiva sem danos, e pronta para responder às demandas de países anteriormente provedores -- mas que em decorrência da Covid-19 passaram a demandar produtos de países como o nosso -- nos permitiu não apenas manter o atendimento aos mercados tradicionais como também expandir a variedade de produtos exportados." O presidente do ANFFA Sindical, Janus Pablo, será o mediador desse painel.

No painel do dia seguinte (16/3) haverá participação de especialistas de especialistas como Talita Priscila, pesquisadora do centro de agronegócio da FGV Agro; Geraldo Moraes, diretor do departamento de saúde animal do Mapa; Lilian Figueiredo, coordenadora de produção animal da CNA - Confederação Nacional da Agricultura; e Andrea Moura, superintendente federal da agricultura do estado de São Paulo, moderadora do painel, marcado para 15h.

Ainda no dia 16 de março, às 17h, o painel 3, sobre "Inovação e abertura de novos mercados: coexistência de produtos à base de proteínas de origem animal e vegetal", reunirá outro grupo de especialistas, tais como Caroline Mellinger, pesquisadora da Embrapa Agroindústria de Alimentos; Camile Lau, diretora de marketing da JBS; Glauco Bertoldo, diretor do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Vegetal, do Mapa; Antonio Marcos Pupin, diretor de assuntos científicos e regulatórios da Associação Brasileira de Bioinovação (ABBI); Sergio Pinto, diretor global de inovação e novos negócios da BRF; e Danilo Kamimura, chefe de defesa agropecuária da superintendência federal de agricultura de São Paulo (Mapa), moderador do painel.

No último painel do dia 17 de março, às 15h, será debatido o tema "Perspectivas para a inspeção de carnes do Brasil", com outros convidados de peso, como Sulivan Alves, diretora técnica da ABPA; Ana Lúcia Viana, diretora do departamento de inspeção de produtos de origem animal (Mapa), além de Cinthia Torres, diretora técnica da ABPA e de Gisele Camargo, delegada do ANFFA em São Paulo e moderadora do painel. Todo esse conteúdo reunido no Sedagro faz parte da programação da III Feira Internacional da Indústria de Processamento de Proteína Animal e Vegetal (Expomeat), realizada de 15 a 17 de março, no Pavilhão de Exposições Anhembi. O evento será totalmente presencial.

dados ANFFA Sindical.

 

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