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Como o mundo lida com os javalis

Os javalis são considerados uma praga para a agricultura e precursores de doenças


Foto: Pixabay

Eles podem até ser bonitinhos quando filhotes rajados mas são ordinários. O javali (Sus Scrofa) é um animal bastante antigo. São originários do norte da África e sudoeste da Ásia, mas foram introduzidos em diversas regiões do mundo. No Brasil são considerados espécies exóticas invasoras. A história conta que essa espécie de suídeo chegou ao território brasileiro andando, no século XX. Javalis-europeus trazidos da Europa para a Argentina e Uruguai escaparam de seus criadouros e invadiram o território pela fronteira.

Desde então são considerados uma praga para a agricultura e precursores de doenças, sendo a única espécie nativa com caça permitida dentro dos padrões exigidos pelo Ibama.

Os animais podem causar perdas de até 10% na lavoura de milho e mais. Segundo a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) estima que, em uma situação hipotética de que o vírus da febre aftosa ou peste suína atinja a população de javalis, os prejuízos partiriam de R$ 3 bilhões, com potencial para atingir R$ 50 bilhões no Brasil. Para discutir o problema entidades se reuniram em um webinar. O evento foi organizado pela Associação Brasileira de Criadores de Suínos (ABCS)e Ministério da Agricultura, em conjunto com diversas instituições e órgãos para discutir a gestão de populações de javalis. 

O javali está no ranking mundial das 100 mais complicadas espécies invasoras. No Brasil a criação é proibida. Há um o Plano Nacional de Prevenção, Controle e Monitoramento do Javali no Brasil, coordenado há cinco anos pelo Ibama e pelo Mapa com o objetivo de conter a expansão das populações de javalis em território nacional.

O zootecnista e coordenador-geral de Gestão da Biodiversidade, Florestas e Recuperação no Ibama, Rodrigo Dutra, explica que esse sistema institui medidas de biossegurança para evitar o contato de javalis com suínos domésticos, levanta dados técnicos, promove ações que visam a redução dos impactos causados por invasões de javalis, busca recursos e aprimora a gestão de processos de eficácia para o controle populacional desses animais. “Um dos maiores desafios é fazer com que a sociedade compreenda os prejuízos causados pelos javalis e as ações necessárias para a prevenção, controle e monitoramento”, destaca.  

Na Espanha há duas espécies de javalis: a castilianus e baeticus. No país 85% do território tem caça permitida. Para o agrônomo e Diretor Geral da Fundação Artemisan, Luis Fernando Villanueva, a flexibilização das regulamentações (permissões, autorizações, cotas e dias) de caça, monitoramento das populações, melhoria os sistemas de alimentação e a necessidade de medidas de bioseguridade e prevenção, são essenciais para se alcançar bons resultados. “No entanto, a redução de caçadores e o surgimento de movimentos contrários a caça, tem acarretado sérios desafios para essas políticas, forçando o governo a recusar essas gestões mais flexíveis”, diz.

Já o Uruguai tem clima, água, crescimento de áreas florestais e agrícolas, falta de predadores e caçadores que são muito favoráveis ao javali. De acordo com o médico veterinário da Associação de Controladores de Javalis de Artigas (ACJA), Martín Altuna, em 2019 cerca de 152 locais relataram danos na pecuária, agricultura e meio ambiente, entre elas, danificação nas lavouras, predação de cordeiros e bezerros e destruição de vegetação nativa. “As medidas de controle utilizadas no Uruguai, tem focado na adoção de medidas de confinamento para a proteção dos animais de produção, utilizando telas e cercas elétricas, cães de pastoreios e também a caça aos javalis. Em algumas regiões tem se utilizado a captura e o abate dos javalis em abatedouros móveis, com adequada inspeção de destinação das carcaças”, contou.
 

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