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Comportamento das chuvas de janeiro sob impacto de El Niño

Veja o impacto do clima no mês de janeiro


Foto: Pixabay

Que estamos sob o regime climático de El Niño, é de conhecimento de muitos tomadores de decisão, uma vez que este fenômeno causa alterações no padrão das chuvas sobre o país. Além disso, as projeções mais recentes indicam que o fenômeno está enfraquecendo, mas deve persistir até pelo menos o outono de 2024.

Entretanto, outros modos climáticos também mexem com as condições das chuvas no Brasil. Como é o caso do fenômeno conhecido como Oscilação Madden-Julian (OMJ). 

Este fenômeno de escala global que tem duração de 30 e 60 dias, é caracterizada por uma grande escala de nuvens e chuvas, com duas fases distintas: uma fase úmida com precipitação significativa e uma fase seca.

Dependendo da fase que esta oscilação se encontra, há um favorecimento ou uma redução das condições de chuvas sobre o país.  A previsão indica que, a partir do final de dezembro, o sinal mais úmido desta oscilação, deve chegar ao continente sulamericano, reforçando as condições de chuvas sobre o país. 

O padrão traz uma mudança significativa no padrão de chuvas que estava previsto para o mês de Janeiro de 2024.

Com as novas rodadas das simulações, temos um sinal de precipitações acima da média em setores do MATOPIBA, ao passo que o centro-sul do Brasil, deverá enfrentar um Janeiro mais seco em relação à média histórica. Porém, áreas da região norte ainda devem passar por um período mais seco. 

Como as chuvas do mês de janeiro impactarão o agro?

Algodão: O cenário é bastante variado no mês de Janeiro, onde algumas regiões ainda avançam com a semeadura, ao passo que aquelas que , historicamente, começam o ciclo mais cedo, já avança para os estádios de florescimento. As chuvas devem ser benéficas para as lavouras ao norte de Minas, MATOPIBA e norte de Goiás. Contudo, existe uma maior incerteza sobre as condições hídricas das lavouras do Mato Grosso e São Paulo.

Soja: Talvez a cultura com maiores desafios no decorrer desta Safra de 2023/24. Boa parte das lavouras vêm de um início de ciclo com chuvas abaixo da média e registro de ondas de calor, que afetaram negativamente os produtores do centro-norte. Essa sinalização de chuvas acima da média no MATOPIBA, pode resultar em uma melhora no potencial produtivo das lavouras, especialmente naquelas que estiverem entre o desenvolvimento vegetativo e floração.Já as lavouras mais adiantadas, não devem registrar limitações na maturação e nem nas operações de colheita. Na região sul, mesmo com a perspectiva de chuvas abaixo da média, não há fortes sinais de restrição hídrica.

Milho: O cenário é positivo na maioria das regiões produtoras. No MATOPIBA, com a perspectiva de chuvas acima da média, as condições são adequadas para o desenvolvimento vegetativo, floração e enchimento de grãos. Apesar disso, algumas lavouras não conseguirão se recuperar do início do ciclo mais quente e seco. Já na região sul, mesmo com perspectiva de chuvas abaixo da média, não há sinais de restrição hídrica para as lavouras.

Arroz: A sinalização de chuvas abaixo da média para a região sul no mês de Janeiro é um fator de atenção para os produtores de Arroz, visto que, boa parte das lavouras devem passar pela floração neste período. Apesar do sinal de vigilância, não há sinais de restrição hídrica e a maior presença do sol, pode ser benéfico para o enchimento de grãos. Já nas lavouras do centro-norte do país, as chuvas relativamente acima da média podem contribuir com uma melhor disponibilidade de umidade para o plantio e desenvolvimento vegetativo das lavouras.

Feijão: O início do ciclo do feijão foi afetado negativamente pelas condições de temperaturas elevadas e baixas precipitações em áreas do centro-norte do país. Já esta condição de chuvas acima da média, traz um cenário mais adequado para o desenvolvimento vegetativo e floração. Já no sul do país, o quadro de chuvas abaixo da média não deve impactar de forma tão expressiva a região, uma vez que todo o início do ciclo vem ocorrendo com chuvas acima da média histórica na região. 

A análise é do meteorologista do Portal Agrolink, Gabriel Rodrigues com revisão de Aline Merladete

 

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