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Compra de insumos agrícolas no país avança com alta da CBOT

Os produtores se antecipam para garantir melhores condições


SÃO PAULO (Reuters) - A comercialização de insumos para a nova safra brasileira de grãos (2012/13) começa a ganhar força com produtores aproveitando os momentos mais favoráveis do mercado para adquirir o pacote tecnológico, disseram produtores e especialistas do setor.

"De um modo geral, o ritmo de venda dos insumos estava mais lento do que em 2011, porque a relação de troca não estava tão favorável neste ano como no ano passado... o produtor esperou o aumento dos preços da soja", disse Mauro Osaki, pesquisador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP.

O ano passado foi atípico e começou com intenso ritmo de negócios, com produtores contratando cerca de 60 por cento do volume necessário do insumo para a toda a safra no primeiro trimestre do ano, contra uma média de 30 a 40 por cento nos anos anteriores, segundo levantamento do Cepea.

Os produtores, especialmente em Mato Grosso, maior produtor de soja do país, se antecipam para garantir melhores condições na compra de insumos para o plantio da safra de verão, cuja semeadura se inicia entre setembro e outubro.

Levantamento do Cepea indica que no primeiro trimestre deste ano eram necessárias cerca de 23 sacas de soja para cada tonelada de fertilizante, em média, na região de Sorriso, grande produtor de Mato Grosso, contra pouco mais de 25 sacas na mesma época do ano passado.

Esta relação e a melhora dos preços na bolsa de Chicago (CBOT), referência para as cotações da oleaginosa, estimulou as compras de produtores, diz o pesquisador.

Preocupações com a safra sul-americana estão impulsionando os preços da soja na CBOT, que terminou na sexta-feira (6) a 14,3225 dólares por bushel, em alta pela segunda semana consecutiva.

O valor é superior aos cerca de 12,69 dólares por bushels do primeiro trimestre do ano passado e da média histórica para o período, de 9,97 bushels, apontou o pesquisador.

Mesmo na região Sul, onde normalmente este processo é feito posteriormente, a frustração da atual safra por conta da estiagem está levando os produtores a começar as sondagens para a nova safra mais cedo.
"Os primeiros itens são fertilizantes e sementes, insumos que têm maior volatilidade de preços", apontou Osaki.

MERCADO MAIS FAVORÁVEL

O acompanhamento do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) mostra que o produtor que concluiu a colheita no Estado quitou suas despesas e agora começa a contratar o pacote tecnológico para a nova safra. O Imea estima que o custo de produção no Estado ficou em média de 5 a 7 por cento maior nos primeiros dois meses deste ano, em relação a igual intervalo de 2011.

Segundo o Imea, isso reflete um incremento de aproximadamente 17 por cento nos preços dos fertilizantes, insumo que deverá responder em média por 27 por cento do custo de produção em Mato Grosso neste ano, estável ante o ciclo anterior, uma vez que o preços da soja também subiram recentemente.

O instituto também constatou aumento nos preços de defensivos, de quase 30 por cento para alguns produtos, o que deve elevar a participação desse insumo dos cerca de 15 por cento do ano passado para 19 por cento na nova temporada.

O presidente da Associação dos Produtores de Soja de Mato Grosso (Aprosoja), Carlos Fávaro, conta que os preços de fertilizantes estavam praticamente estáveis, mas começaram a subir juntamente com os ganhos recentes da oleaginosa.

"Continuamos com uma margem positiva, ainda é um bom momento. Mas na medida em que a soja sobe, o insumo sobe atrás... é o que estamos vendo", disse Fávaro.

SAZONALIDADE

Depois de uma safra com níveis elevados de rentabilidade, a tendência é que o produtor intensifique as compras de insumos, aponta André Pessôa diretor da Agroconsult. "Os preços podem subir, mas não há expectativa de custos semelhantes aos de 2008", comparou.

Para ele, a indústria de fertilizantes, item que tem maior peso no custo de produção, deve trabalhar com uma sazonalidade similar a de 2011, com 40 por cento das vendas concentradas no primeiro semestre.

"Com esta sazonalidade, a indústria consegue até entregar 29 milhões de toneladas", acrescentou. O número representaria outro recorde, depois das 28,3 milhões de toneladas de fertilizantes comercializadas em 2011.

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