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Conab estima que safra de café 2004/05 será menor que a esperada


Entre 34,1 milhões e 37,47 milhões de sacas sairão das lavouras de café na safra 2004/05. A estimativa do primeiro levantamento do desempenho da cultura realizado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) representa uma variação positiva entre 19,9% e 31,1% sobre a colheita de 28,46 milhões de sacas no período 2003/04. Em relação à 2002/03, período de alta produtividade da safra de ciclo bianual, com a colheita de 48,5 milhões de sacas, o levantamento realizado com 3.826 produtores entre 3 a 28 de novembro aponta uma variação negativa que varia entre 29,7% e 22,17%.

O diretor de Logística e Gestão Empresarial da Conab, Silvio Isopo Porto, disse que o recuo em relação à safra 2002/03 está atrelado aos baixos preços do produto nos mercados interno e externo ao longo deste ano. Um parâmetro desse quadro foi o depósito nos armazéns da companhia, esta semana, de 677.926 sacas de café, o que corresponde a 70,96% dos contratos de opções com vencimento em novembro. O preço de exercício, de R$ 195 a saca de café arábica, é superior ao praticado atualmente pelo mercado. Como o resultado da queda dos investimentos, os técnicos da Conab detectaram a redução no nível de adubação, tratamento fitossanitário insuficiente e práticas culturais inadequadas.

O diretor do Departamento de Café do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Vilmondes Olegário, destacou que, ao contrário das duas últimas safras, o levantamento aponta a estabilidade da área plantada.

Condições climáticas

A explicação está no retorno da cultura no Sul e Oeste do estado de Minas Gerais, onde foram incorporadas áreas podadas, e à redução menor que a estimada inicialmente no Espírito Santo. Neste estado, a seca no período de floração foi responsável pela estimativa de redução da produção.

O levantamento da Conab aponta o crescimento da produção do café arábica em relação à safra anterior, estimada entre 34,2% e 47,5%, com uma colheita 26,46 milhões e 29,14 milhões de sacas. O tipo robusta segue caminho inverso, com queda entre 0,5% e 12,5%, o que significa colheita de 7,65 milhões a 8,33 milhões de sacas. Esses números serão mais precisos a partir do próximo levantamento, em janeiro, quando a Conab utilizará tecnologia de geoprocessamento por satélite em Minas Gerais, São Paulo e Espírito Santo. Com isso, a margem de erro nessas regiões será reduzida para 6%.

Repercussão positiva

A primeira estimativa da Conab foi bem recebida pelo mercado. "Os números são bastante realistas e estão abaixo das projeções do mercado, o que deve estimular os preços do café nos próximos meses", estima Oswaldo Henrique Ribeiro de Paiva, presidente do Conselho Nacional do Café (CNC). Estimativas iniciais do mercado eram de uma produção de cerca de 40 milhões de sacas.

A empresa de consultoria Safras & Mercado também divulgou ontem seu primeiro levantamento para o período 2004/05, onde estima algo entre 39,1 milhões e 41,2 milhões de sacas. As primeiras estimativas para o período colocavam a produção brasileira entre 38 milhões de sacas e 55 milhões de sacas. "Vimos o potencial brasileiro de produção reduzir drasticamente desde a última safra recorde em 2002, quando a safra somou 50 milhões de sacas", diz Gil Barabach, analista da Safras & Mercado.

Ainda de acordo com a Safras & Mercado, no estado de Minas Gerais, principal pólo de produção do Brasil, a próxima safra vai oscilar entre 19,7 milhões e 20,6 milhões de sacas no ano que vem, em comparação com os 12,4 milhões de sacas do ano passado.

No Espírito Santo, maior produtor brasileiro de conillon, a produção está estimada entre 7,4 milhões e 7,8 milhões de sacas para o ano de 2004/05, acima das 7,5 milhões do ano passado. Barabach acrescentou, entretanto, que o clima seco pode derrubar a safra capixaba para algo em torno de 5 milhões de sacas. A Safras revisou para baixo a estimativa para a safra 2002/03, estimando-a em 29,98 milhões de sacas, em comparação com as 32, 98 milhões de sacas estimadas no mês de julho. "Os números divulgados ontem tanto pelo governo como pela Safras indicam que 2004 será um ano de aperto na produção. O mercado tende a refletir a partir de hoje as novas projeções ", diz Barabach.

Pressionados pelas vendas especulativas, os preços futuros do café encerraram em queda no pregão de ontem da bolsa de Nova York. Os embarques para março foram cotados a 63,70 centavos de dólar por libra-peso, em queda de 1,55 centavos no dia, ou 2,4%.

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