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Conab suspende venda de milho em Iguatu/CE

Suspensão trouxe preocupação para os criadores que enfrentam dificuldades para alimentar o rebanho


Suspensão trouxe preocupação para os criadores que enfrentam dificuldades para alimentar o rebanho

A diretoria nacional da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) suspendeu, por tempo indeterminado, a comercialização de milho do programa Venda Balcão que estava estocado no armazém do órgão, nesta cidade. A decisão administrativa foi adotada, nesta segunda-feira, em decorrência de denúncia de que alguns produtores cadastrados adquiriam o produto e negociavam de forma irregular para comerciantes e produtores rurais não cadastrados no programa.

A superintendência regional da Conab no Ceará criou, nesta segunda-feira, uma comissão de sindicância para apurar os indícios de irregularidades, conforme apurou com exclusividade o Diário do Nordeste. Na edição de sábado passado, no Caderno Regional, foi publicada matéria com o título "Criadores denunciam venda irregular de milho da Conab".

A comissão de sindicância tem prazo de dez dias para apurar as possíveis irregularidades. É formada por três fiscais da Conab, que começaram a trabalhar, ontem, nesta cidade. "Todos os produtores que compraram milho serão fiscalizados", disse o gerente de operações da Conab, no Ceará, José Afonso Cavalcante. "A finalidade do programa é atender os pequenos produtores rurais e precisamos corrigir distorções e irregularidades", afirmou.

De acordo com Afonso Cavalcante, não há prazo para o término da suspensão da venda do milho estocado no armazém da Conab, em Iguatu. A proposta inicial é visitar todas as unidades rurais dos produtores cadastrados, que compraram milho neste ano. São centenas de criadores, mas o órgão não informou o número exato.

Relatório

Após o prazo de dez dias, a comissão de sindicância vai elaborar um relatório que será encaminhado para a diretoria nacional da Conab, em Brasília, e para o Ministério Público Federal. Dependendo do resultado das investigações administrativas, o documento poderá servir de base para instauração de inquérito na Polícia Federal. Afonso Cavalcante disse esperar a colaboração dos produtores.

A decisão administrativa de suspender a venda de milho para os criadores cadastrados revoltou os produtores rurais que enfrentam dificuldades para alimentar o rebanho de bovinos, ovinos e suínos em face da seca que atingiu o sertão do Ceará, em 2010. Outra medida adotada pelo órgão, há 15 dias, reduzindo a quota de comercialização do produto em face do estoque limitado na unidade e por ser insuficiente para atender a demanda crescente, já havia trazido preocupação para os agropecuaristas.

Mobilização

A Unidade de Pecuária Iguatuense (Upeci) está mobilizada para solicitar da Conab a retomada das vendas o mais rápido. "Quem cometeu irregularidade foi uma minoria", comentou o diretor da Upeci, José Paulino Neto. "A maioria que precisa do milho e trabalha direito não pode ser prejudicada". Os diretores da Upeci mostraram que a situação já era preocupante com a redução da quota para venda de apenas 50 sacas de 60 quilos de milho em grão, por mês, para os produtores cadastrados. "A situação já estava difícil e, por isso, solicitávamos a compra de mais milho para atender a demanda local", disse Neto. "Agora piorou com a decisão de suspender por total a comercialização do produto".

Medo

Os produtores temem que a suspensão se arraste por várias semanas. "O melhor seria liberar a venda e fiscalizar, punindo os culpados", defendeu o presidente da Upeci, Mailton Palácio. "O programa deve atender a quem realmente precisa". A seca trouxe enormes dificuldades para os pequenos criadores alimentarem o rebanho. Uma das alternativas era o milho do Programa Venda Balcão. "O que a Upeci sempre defendeu foi uma fiscalização para evitar distorção no programa, mas nunca a suspensão da comercialização", frisou Neto. "Esperamos que os dirigentes da Conab sejam sensíveis à nossa situação que é desesperadora mediante a falta de alimento para o rebanho".

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