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Confinamento é uma opção para pecuária de corte no País

A expectativa é que o número de gados confinados cresça 31%


Apesar dos custos 24% mais altos este ano, dado aumento dos insumos, os produtores de gado esperam um aumento de 31% no número de abates

São Paulo  - A busca brasileira por maiores produtividades não se limita apenas à agricultura, o setor pecuário do País também está de olho nessa tendência. Para este ano a expectativa é que o número de gados confinados cresça 31% ante 2010, quando foram abatidos 1,99 milhão de cabeças. Entretanto, esse número ainda não está fechado, dado o aumento no preço dos insumos e a menor margem de lucratividade que o setor está esperando. O ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Wagner Rossi, entende que a produção extensiva de gado no Brasil deve ser mantida e aposta na recuperação das pastagens, inclusive com financiamento governamental, para aumentar a produtividade no setor.


Atualmente os abates de bovinos confinados não chega nem a 15% da produção nacional. Mas esse volume já foi muito maior. Segundo o diretor executivo da Associação Nacional dos Confinadores (Assocon), Fábio Maia, do ano 2000 até meados de 2008, o volume de abates de animais confinados passou de 1,95 milhão de cabeças, para quase 2,75 milhões. Com a crise econômica global, esse número voltou a recuar para quase os patamares de dez anos atrás, fechando 2010 com 1,99 milhão.

Para o executivo, a tendência nos ganhos de produtividade sem a ampliação de área já é uma realidade no Brasil, tanto que a expectativa é de um crescimento sustentável do setor de aproximadamente 10% ao ano. Neste ano, para alcançar o crescimento esperado o pecuarista terá de se atentar a dois fatores. O primeiro é o preço dos insumos, principalmente o milho usado na alimentação destes animais. O segundo fator é o preço da arroba do boi magro que está muito alto. "A rentabilidade do produtor este ano dependerá de cenários mercadológicos favoráveis, como o preço da arroba do boi, que ainda está alto, e os preços dos insumos, que já encareceu a produção confinada em 24%", disse.

O ministro da Agricultura, em entrevista ao DCI, afirmou que o Governo mantém a aposta na produção extensiva do boi. "Tanto que criamos três linhas de crédito, dentro da realidade do pecuarista, incluindo recursos para a recuperação de pastagens degradadas e para evitar o abate de matrizes", afirmou. "Assim, mantemos o diferencial do boi de pasto que o Brasil têm na exportação de carne", disse Rossi.

Para Maia, uma saída para minimizar a margem de lucro mais estreita é o pecuarista antecipar o confinamento para não passar com o boi pelo período de seca. O maior risco dado o preço mais elevado da arroba no mercado futuro, é que o produtor empate os custos com os ganhos. "Estou trabalhando apenas com animais mais novos, enquanto todos apostam em animais de 12 a 14 arrobas, eu trabalho com animais a partir de 8 arrobas, e mantenho eles mais tempo no confinamento. O normal é de 90 a 100 dias, mas eu mantenho o animal de 130 a 140 dias. Isso ajuda a minimizar o impacto dos custos mais altos", afirmou o pecuarista, Amésio Urbano Neto, que possui uma fazenda em Unaí (MG).


Para todo o setor, alguns fatores estão mostrando ao produtor de gado que o melhor caminho é o ganho na produtividade. Os custos mais altos para adquirir novas terras, a quantidade de animais por hectare e um planejamento financeiro antecipado, são algumas opções apontadas. "Com o confinamento, conseguimos abater animais com menos de 24 meses. E também consigo fazer um planejamento financeiro melhor, porque já sei quantos animais sairão terminados. Com certeza isso é uma tendência no Brasil. Nos EUA, 85% dos animais abatidos são terminados em confinamento, no Brasil esse número não passa de 15% e esperamos aumentar, até porque não temos outra saída. As terras estão muito escassas e caras, a agricultura está crescendo em cima das pastagens, então isso é uma forma de maximizar o uso", disse Neto.

Para o pecuarista mineiro nos tempos atuais os produtores precisam de operações mais eficientes, já que as margens de lucro são mais apertadas, e os riscos maiores. Ele contou que no passado comprava-se um animal a preços baixos, engordava-o e vendia na entressafra por um preço muito mais alto. "Hoje não, são poucos os anos que nos dão uma margem maior, visto o exemplo de 2010, que foi excelente, porque compramos a arroba barata e vendemos caro. Esse ano, a arroba estava alta na hora da compra, e agora começou a cair, ainda tem muita gente vendendo a arroba do boi magro mais caro", contou.

Com isso, muitos rebanhos estão migrando de estados como São Paulo, onde a arroba tem melhor preço, para regiões com custos mais baixos nas terras e nos insumos, como Goiás e Mato Grosso, e somente retornam na fase de finalização.

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