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Consórcio entre mandioca, sorgo e feijão é apresentado no Agreste

Conservar os nutrientes do solo, diminuir os riscos de prejuízos, e diversificar a produção


Conservar os nutrientes do solo, diminuir os riscos de prejuízos, e diversificar a produção são alguns dos benefícios do plantio consorciado, de acordo com os pesquisadores da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA) e do Instituto de Inovação para o Desenvolvimento Rural Sustentável de Alagoas (EMATER/AL). Um experimento cultivado no município de Palmeira dos Índios, região Agreste do estado, aliou o plantio das culturas da mandioca, sorgo e feijão, e os primeiros resultados foram avaliados como satisfatórios.


Comandado pelo pesquisador da Embrapa, Antonio Santiago, a experiência foi apresentada a agricultores do município, que tem como sua principal fonte de renda o cultivo da mandioca para produção de farinha. De acordo com um levantamento da Embrapa, a região do Agreste produz hoje 70% da mandioca do estado e o município de Palmeira dos Índios é um dos que mais se aproxima com a região da bacia leiteira de Alagoas, por isso o consórcio com o sorgo forrageiro e até com variedades de mandiocas voltadas para alimentação animal.

Em uma área de dois hectares, foram plantadas sete variedades de mandioca, duas delas já validadas, o sorgo Forrageiro SF 15, com excelentes resultados em Alagoas e o feijão de corda. O consórcio entre mandioca e sorgo já gerou resultados. Após cem dias do plantio do sorgo e da mandioca, foi feita a primeira colheita, na manhã desta terça-feira (01), do material próprio para alimentação animal. O segredo, conforme explicou o técnico da Embrapa, está no espaçamento utilizado entre as plantas.

“Utilizamos o sistema de filas duplas, com espaçamento de 60 centímetros entre as culturas diferentes e de dois metros para as fileiras de culturas iguais. A fileira dupla permite a rotação de cultura, onde hoje plantamos o sorgo, no próximo plantio podemos optar pelo feijão, que é uma leguminosa que atrai benefícios para o solo. No consórcio com o sorgo, por exemplo, observamos que a palha cresce bastante e sombreia a mandioca, porém acreditamos que não haja diminuição de produção por conta desse período”, informou o pesquisador Antônio Santiago.  

O experimento foi caracterizado pelos pesquisadores como uma transferência de tecnologia, já que os materiais utilizados no consócio têm sua produtividade e características validadas em pesquisa. Para o pesquisador da EMATER/AL, Fernando Gomes, o Sorgo SF15 se desenvolveu muito bem. Foram colhidas 18 fileiras duplas com 20 metros cada e a perspectiva é que o material renda em média 40 toneladas.  “Estamos apresentando mais uma alternativa para o agricultor familiar. Sabemos que a maioria possui uma área pequena para plantio e com o consórcio pode-se aliar a alimentação animal e outras culturas que geram diretamente renda as famílias, além é claro de trazer benefícios para o solo”, destacou o pesquisador da EMATER/AL.


A agricultora Josenilda dos Santos, da comunidade Sítio do Meio, falou da surpresa em ver o as culturas da mandioca e do sorgo no mesmo espaço. “Essa é a segunda vez que vejo a cultura do sorgo. Há um ano um vizinho plantou e ficamos admirados com a rapidez de seu desenvolvimento. Hoje foi um dia de aprendizado, por que não imaginei que o sorgo poderia dividir espaço com a mandioca. Para quem tem animal é muito interessante essa alternativa”, afirmou a agricultora de Palmeira dos Índios.

O consócio com o feijão já não surpreendeu os agricultores. Muitos deles informaram que utilizavam, porém não imaginavam os inúmeros benefícios que a ação trazia para o solo. “Já plantei mandioca com feijão e deu certo, claro que diminui a produtividade da mandioca, mas hoje aprendi que ajuda o solo a se recuperar. Vou continuar fazendo”, enfatizou Sebastião José Costa, agricultor do Povoado Gavião.  

A técnica aplicada em Palmeira dos Índios, segundo a pesquisadora da Embrapa, Walane de Mello, é baseada em um trabalho da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), que objetiva ter o máximo de produtividade nas unidades familiares com uma rotação de cultura. “Para que essa produtividade seja aplicada são necessários alguns cuidados com o solo e um deles é a rotação de culturas, que permite ciclos diferentes, combate de pragas e doenças diferentes. Para ajudar na recuperação do solo, recomendamos a permanência da cobertura morta, que aumenta o teor de matéria orgânica e retém a umidade do solo”, explicou Walane de Mello.

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