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Consumo interno de café chega a 16,33 milhões de sacas

Desde 2003, o consumo evoluiu 19%, atingindo os atuais 16,33 milhões


Os brasileiros são mesmo apaixonados por café, bebida consumida por 94% da população e segunda colocada no ranking de preferência nacional, perdendo apenas para a água. Por isso, mesmo com a retração das vendas ocorrida no varejo principalmente no primeiro semestre de 2006, e o fraco desempenho da economia naquele período, o consumo de café voltou a crescer no mercado interno.

Levantamento realizado pela Área de Pesquisa da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic) mostra que, no período compreendido entre novembro de 2005 e Outubro de 2006, foram consumidas 16,33 milhões de sacas, o que representa um aumento na demanda da ordem de 5,10% em relação a novembro de 2004 e outubro de 2005, quando o volume apurado havia sido de 15,53 milhões de sacas.

Desde 2003, o consumo de café no Brasil evoluiu 19,2%, indo de 13,7 milhões para os atuais 16,33 milhões de sacas. No mundo, segundo dados da Organização Internacional do Café (OIC), o crescimento nesse período ficou em 1,5% ao ano, na média. “O mercado brasileiro ganha cada vez mais destaque, e já representa 14% da demanda mundial”, comemora Guivan Bueno, presidente da ABIC. “Os 16,33 milhões de sacas representam mais de 50% do consumo interno de todos os 57 países produtores de café, que é estimado pela OIC em 31 milhões de sacas/ano”.

Razões do aumento - Pesquisa anual realizada desde 2003 pela InterSciense sobre “Tendências de Consumo de Café no Brasil”, mostra que se manteve em 2006 a tendência de crescimento do consumo em todas as classes sociais e faixas etária, com certa estabilidade apenas no segmento mais jovem (15 a 19 anos). Mostrou também que as pessoas estão consumindo mais xícaras de café por dia e que aumentou em 4% do consumo fora do lar (www.abic.com.br/estatpesquisas.html), o que está relacionado com a melhor qualidade e com o aumento do segmento de cafeterias, a exemplo das redes estrangeiras que estão entrando no mercado.

Para Nathan Herszkowicz, diretor-executivo da ABIC, esse crescimento do mercado interno é resultado de um conjunto de fatores, a exemplo da melhoria contínua da qualidade do café oferecido aos consumidores, que foi ampliada com o PQC – Programa de Qualidade do Café, lançado pela entidade no final de 2004 e que, atualmente, já certifica mais de 160 marcas em todo o Brasil. Ele também cita como fatores a consolidação do mercado de cafés tipo Gourmet ou Especiais, diferenciados e de alta qualidade; e a melhora muito significativa da percepção do café quanto aos aspectos dos benefícios para a saúde, como resultado dos grandes investimentos no Programa Café e Saúde, que todo o agronegócio apóia.

Marketing e Promoção - De acordo com Herszkowicz, os investimentos em promoção e marketing têm sido fundamentais para assegurar o aumento do consumo de café. Em 2006, foram aplicados nessa área, com recursos do Funcafé – Fundo de Defesa da Cafeicultura, R$ 5 milhões, por meio do Programa Integrado de Marketing (PIM-2006), coordenado pelo Departamento do Café (Decaf), do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. A esses recursos, somaram-se as contrapartidas privadas neste programa, em valor superior a R$ 2,0 milhões e o Fundo Especial de Marketing da ABIC, no valor de R$ 655 mil, constituído por contribuições extraordinárias dos seus associados torrefadores.

Para este ano, o PIM-2007 prevê a alocação de R$ 13 milhões para Publicidade e Promoção, sendo R$ 8 milhões para o mercado interno e R$ 5 milhões para promoção internacional. Já o Fundo da ABIC terá investimentos de R$ 965 mil, e estima-se que as empresas, em conjunto, invistam algo em torno de R$ 60 milhões em marketing e promoção.

No mercado interno, será dada continuidade a ações que alavancam o crescimento do consumo, como o Programa Café e Saúde; apoio para os Concursos de Qualidade; veiculação de mensagens informativas e educativas sobre o café na mídia de massa, revistas, TV, cinemas e de um inédito programa de exposições itinerantes, sobre café, em shopping centers de todo o Brasil, bem como a participação dos Cafés do Brasil no Pan Rio 2007. No exterior, os recursos serão aplicados em feiras, exposições, projetos compradores, road-shows, apoio às iniciativas no mercado asiático e, inclusive, uma preparação para ações durante as Olimpíadas na China em 2008.

Exportação - A exportação de café torrado/moído também apresentou um excelente desempenho, conforme acompanhamento feito pelo PSI – Programa Setorial Integrado realizado pela ABIC em convênio com a Agência de Promoção de Exportações e Investimentos – APEX Brasil.

O valor das vendas alcançou, em 2006, US$ 24,47 milhões contra US$ 16,69 milhões em 2005, isto representando um salto de 46%. Em relação a 2002, quando estes negócios efetivamente tiveram início, a evolução foi de 504%. “Os produtos brasileiros estão tendo maior sucesso em mercados e segmentos que demandam cafés de alta qualidade, e que pagam maior valor unitário”, diz Herszkowicz.

O preço médio do café exportado foi de US$ 4,55/kg em 2006 contra US$ 4,00/kg, em 2005 (14% de aumento). Para 2007, a previsão é que as exportações alcancem US$ 32 milhões, com os EUA figurando como maior mercado comprador e o Mercosul surgindo como boa opção de negócios (5% das vendas).

Meta 2007 - Apesar do ótimo desempenho, a ABIC vê algumas ameaças na oferta de café para o mercado interno. “O volume industrializado em 2006 representou 38% da safra 2006/2007, quando foram colhidos 41,5 milhões de sacas. Nossa estimativa para 2007 é aumentar o consumo para 17,4 milhões de sacas, o que representará 52% da safra a ser colhida, estimada pela Conab em apenas 33 milhões de sacas”, diz Guivan Bueno, lembrando que as exportações brasileiras atingiram 27 milhões de sacas em 2006.

“A disponibilidade de café verde parece que não será suficiente para a demanda conjunta da exportação e do mercado interno porque, além do déficit potencial de 6 a 8 milhões de sacas na próxima safra, os estoques físicos brasileiros estão em nível baixo e os estoques oficiais de cafés antigos, de 1,9 milhão de sacas, serão inteiramente consumidos”. Em função desse desequilíbrio, e considerando a apreciação dos preços do grão cru no mercado mundial e no mercado físico brasileiro, a ABIC estima que os preços do produto aumentem entre 20% e 25% para os consumidores, na média. Com isto, as vendas do setor podem alcançar R$ 7,0 bilhões em 2007, contra R$ 5,4 bilhões em 2006.

“Mas não podemos falar ainda em recuperação da rentabilidade do setor. Deve-se levar em conta que o preço do café aos consumidores evoluiu somente 17% entre Julho/1994, ano de implantação do Plano Real, e Dezembro/2006, contra uma variação da Cesta Básica Nacional de 135%”, alerta Guivan Bueno, lembrando que o café representava 12% do custo da cesta básica em 1994 e seu valor relativo caiu para somente 5,7% em 2006.

“Esta perda de valor do produto está repercutindo muito fortemente no setor, que tem inúmeras pequenas empresas em situação critica. A evolução dos preços prevista para 2007 pode representar a salvação de uma boa parcela dessas empresas, quando não do setor como um todo, sem o risco de perda do consumo, uma vez que o preço do café para os consumidores encontra-se em nível muito pouco significativo. Não há também o risco de não se alcançar a meta de ter em 2010 um mercado de 21 milhões de sacas, o que significa um crescimento de 6% ao ano, em média, ou 1,1 milhão de sacas a cada 12 meses”, conclui Guivan Bueno.

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