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Controle biológico pode reduzir em 70% aplicação de acaricidas

O ácaro rajado é uma praga de 0,5 mm que ataca mais de 1200 espécies de plantas


Foto: Eliza Maliszewski

A Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, por meio do Instituto Biológico (IB-APTA), realiza pesquisas com o controle biológico de ácaros em flores. Com a técnica, é possível reduzir em algumas áreas, 70% a aplicação de acaricidas em gérberas e crisântemos e até mesmo eliminar o uso dos produtos em rosas e orquídeas. 

De acordo com as informações divulgadas pela Secreteria de Agricultura de São Paulo, os produtores de flores de Holambra e Arujá enfrentam problemas para controlar o ácaro rajado. O uso constante de acaricidas seleciona os ácaros resistentes, diminuindo drasticamente o efeito dos produtos. "Com aplicação exclusiva de produtos químicos, alguns produtores obtêm níveis de controle abaixo de 20% para diversos acaricidas. Com a adoção de estratégia de manejo, incluindo uso do controle biológico, proposta pelo IB, é possível chegar ao controle efetivo da praga, acima de 80% de eficácia, com uso mínimo de acaricidas", explica o pesquisador do IB, Mário Eidi Sato.

Segundo o pesquisador do IB, a tecnologia pode ser usada por produtores de todo País. Sato afirma, porém, que no momento, é mais viável para cultivos em pequena escala e em ambientes protegidos, com destaque para as regiões Sudeste e Sul "Ainda há pouca disponibilidade de ácaros predadores no mercado para atender todas as regiões brasileiras, principalmente, para cultivos em larga escala", diz.

O ácaro rajado é uma praga de 0,5 mm que ataca mais de 1200 espécies de plantas, como algodão, feijão, morango, mamão, pêssego e flores e plantas ornamentais. O Instituto Biológico trabalha para controle desse ácaro com o uso de predadores naturais, como Neoseiulus califormicus, considerado um ácaro generalista, e Phytoseiulus macropolis, um especialista, que ataca apenas o ácaro rajado.

"Após a liberação desses predadores, caso o produtor precise usar produtos químicos para controle de outras pragas, como tripes e moscas-brancas, ele pode fazer a aplicação de alguns inseticidas, sem ter o risco de matar os predadores liberados", explica o pesquisador do IB. As populações de predadores utilizadas nas liberações se mostram resistentes a vários inseticidas e acaricidas.

A vantagem no uso do Neoseiulus califormicus é que esse ácaro não se alimenta exclusivamente do ácaro rajado, mas também de pólen e de pequenos insetos. "A chance do estabelecimento desse predador no campo é mais alta do que de outras espécies de predadores", afirma o pesquisador do IB.

Normalmente, o ácaro predador tem preferência por se alimentar de ovos, chegando a predar, aproximadamente, 20 ovos de ácaros rajados por dia. "Ele também ataca ácaros jovens e adultos, neste caso, o predador geralmente, pega a perna do ácaro e injeta saliva, durante a alimentação. Dessa forma, ele suga o conteúdo do ácaro rajado, deixando-o "murcho". Com isso, ocorre o controle do ácaro-praga", explica. A redução no uso de acaricidas reduz custos de mão de obra na aplicação. "O produtor precisa avaliar que apesar do elevado valor dos predadores, que chega a 300 reais por frasco de cinco mil ácaros predadores, se comparado com o acaricida, há redução de mão de obra e horas de trabalho para o tratamento. Após a liberação dos predadores, só precisará ser feito o monitoramento", afirma Sato.

Segundo o pesquisador, o importante é fazer a liberação dos predadores no momento correto, quando a infestação do ácaro rajado ainda é baixa. Isso aumenta a eficácia do controle biológico e reduz os custos para a aquisição dos predadores. Desta forma, é possível reduzir os custos de produção.

O pesquisador do IB reforça que o uso de ácaros predadores da família Phytoseiidae, como é o caso de Neoseiulus californicus e Phytoseiulus macropilis, não apresenta risco de levar a um desequilíbrio ambiental em cultivos de ornamentais. "Os predadores se alimentam dos ácaros-praga, sem atacar as plantas cultivadas. Os poucos inimigos naturais, como joaninhas e percevejos predadores, presentes em cultivos de ornamentais, normalmente não são afetados pelos ácaros fitoseídeos", explica.

O controle biológico consiste no uso de inimigos naturais para diminuir a população de uma praga. Resumidamente, pode ser definido como natureza controlando natureza. Os agentes de controle biológico agem em um alvo específico, não deixam resíduos nos alimentos, são seguros para o trabalhador rural, protegem a biodiversidade e preservam os polinizadores.

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