Controle de anemia livra cavalo pantaneira da extinção
Após ameaça de extinção do cavalo pantaneiro na década de 70 por causa da anemia o Indea-MT controlou a doença
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Após ameaça de extinção do cavalo pantaneiro na década de 70 por causa da anemia infecciosa eqüina, o Instituto de Defesa Agropecuária de Mato Grosso (Indea-MT) tem obtido sucesso no controle da doença. De acordo com João de Freitas, médico veterinário do Indea, a doença não é exclusividade do cavalo pantaneiro, mas encontrou um ambiente favorável para disseminação na região do Pantanal mato-grossense e se desenvolveu com muita rapidez.
Não há vacinas nem remédios para o combate à anemia. Por isso, os animais doentes precisam ser isolados ou eliminados. Grande parte dos animais até adquiriu uma resistência à morte e muitas fazendas ainda trabalham com cavalos infectados, mas a legislação sanitária vigente do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) não permite o trânsito desses animais não-sadios para conduzir uma boiada fora da propriedade, nem a permanência dos eqüinos em recintos de exposições, leilões e clubes. Também não é permitida a comercialização ou o registro de animais doentes.
A legislação exige três exames. O primeiro quando o cavalo tem seis meses de idade, o segundo quando o animal completa um ano e o terceiro com dois anos de idade. Mas toda vez que o criador precisa movimentar o animal fora da propriedade de origem, necessita de um exame recente.
Em 1972, o governo federal criou a Associação Brasileira de Criadores do Cavalo Pantaneiro (ABCCP), com sede em Poconé. O órgão é responsável pelo registro de todos os animais da raça, o que só é feito com os cavalos devidamente enquadrados como pantaneiros e que não têm defeitos genéticos.
Paulo Moura, diretor de fomento da associação, afirma que um dos objetivos da diretoria é conseguir novos associados. Ele ressalta que somente os associados podem participar de leilões, obter descontos no preço do exame de anemia e possuir toda a documentação necessária para a transferência dos cavalos para outro criador. Essa documentação pode ser comparada a uma carteira de identidade com todas as características do animal.
Já existem em Mato Grosso 26 propriedades com um selo de certificação do Mapa por possuírem somente animais sadios em suas terras. O monitoramento é feito pelo Indea, que realiza os dois primeiros exames gratuitamente e exige o terceiro exame. Depois de certificada, a propriedade precisa obter exames negativos da anemia infecciosa eqüina a cada 180 dias, sob pena de perder a certificação.
O diretor da ABCCP explica que a entidade quer ser parceira do governo do Estado, por meio do Indea, para ter o máximo de propriedades certificadas. “O objetivo do presidente Gilson Arruda é tornar Mato Grosso referência nacional no controle da doença eqüina”, garante.
Os surtos da anemia infecciosa eqüina aparecem quando é introduzido na manada um animal infectado ou portador e a transmissão é feita principalmente por insetos sugadores (moscas e mosquitos).
Existem as formas aguda e crônica da doença. Na forma aguda, os sintomas são febre de até 40 graus, respiração rápida, abatimento e cabeça baixa, debilidade nas patas, deslocamento dos pés e perda de peso.
Se o animal não morre em três a cinco dias, a doença pode tornar-se crônica. Na forma crônica ocorrem ataques com intervalos variáveis de dias, semanas ou meses.
O cavalo pantaneiro vive uma fase de intensa valorização em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, principais estados criadores da raça. No último leilão de elite, por exemplo, realizado durante a 41ª Exposição Internacional, Agropecuária, Comercial e Industrial de Cuiabá (Expoagro), o recordista de preço foi o sul-matogrossense Fernando César de Araújo, que vendeu um cavalo pantaneiro por R$ 20 mil.
A evolução ocorre a cada ano, com o aumento na demanda e nos preços. De 2004 a 2005, a valorização nos preços em Mato Grosso foi de 50%, de acordo com Paulo Moura.
O diretor afirma que os criadores estão investindo em qualidade, para que a valorização e os bons preços sejam mantidos. Os melhores cavalos são disponibilizados à sociedade em leilões de elite. Porém, no dia-a-dia das fazendas há uma constante comercialização de animais de serviço, cujo preço é menor.
O cavalo pantaneiro é uma das raças mais antigas do país, com aproximadamente 300 anos de existência. A origem desse animal está ligada à história da colonização da Bacia do Prata, hoje integrante dos territórios da Argentina, Brasil, Paraguai e Bolívia.
Uma versão para o aparecimento dessa raça é que em 1535 o espanhol Pedro de Mendonza teria desembarcado no Brasil trazendo com ele os primeiros cavalos para a região, de origem ibérica. No mesmo ano, ele teria sofrido um ataque dos índios Guaicurus, que se apossaram dos cavalos, iniciando a criação e a disseminação destes animais na região do Pantanal.
Outros eqüinos teriam sido trazidos por monções de São Paulo e Goiás, proporcionando então o cruzamento destes animais com os já existentes na região pantaneira.
Surgiu assim o cavalo pantaneiro, animal rústico e de boa resistência, que foi selecionado e utilizado no desenvolvimento da cavalaria de guerra, participando da Guerra do Paraguai.
O cavalo pantaneiro possui a cabeça bem feita, de perfil direito ou subconvexo, às vezes um pouco grande, com orelhas curtas, olhos vivos, fronte longa e ampla, focinho curto, com ventas espaçadas e boca bem rasgada. O pescoço é forte, sem ser grosso, bem implantado, com pouca crina. O corpo deste eqüino é alongado, com boas espáduas, cernelha aparente, dorso direito (às vezes enselado ou convexo), garupa inclinada e inserção baixa da cauda.