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Cooperativa reciclará casca de coco com tecnologia da Embrapa

Em uma primeira etapa a casca do coco será reciclada para confecção de xaxim



O Distrito Federal consome cerca de um milhão de cocos verdes por mês, o que resulta no descarte de mais de mil toneladas mensais de cascas de coco, segundo cálculos de distribuidores do produto na região. Esse lixo, propício à hospedagem do mosquito da dengue, demora de 10 a 12 anos para se decompor, risco ao ambiente e à saúde da população. Reunidos em uma cooperativa, vendedores de água de coco da Capital Federal encontraram uma forma de, num só tempo, reduzir o problema ambiental e agregar valor à atividade a partir da “descoberta” de tecnologia desenvolvida pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária-Embrapa, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

O aproveitamento da casca de coco verde vem sendo estudado há seis anos pela Embrapa Agroindústria Tropical, com sede em Fortaleza (CE), onde também foi desenvolvido maquinário para o processamento da casca. “Toda a atividade da Cooperativa vai se basear na tecnologia da Embrapa, que ficamos conhecendo em 2004, durante a Exposição Ciência para a Vida”, explica o presidente da cooperativa, José Roberto Melo Machado. A cooperativa conta com 32 associados, em sua maioria vendedores de água de coco de carrinho, mas tem também a quiosqueiros. O início do funcionamento da unidade de processamento está previsto para novembro próximo.

Maquinário - A estrutura básica da unidade de processamento consiste de uma máquina trituradora da casca do coco, uma prensa rotativa, que retira o líquido, e uma máquina classificadora, que faz a separação entre pó e fibra. A cooperativa busca a parceria do Governo do Distrito Federal para a indicação de terreno para instalação da unidade e para a coleta seletiva da casca de coco verde.

“Numa primeira etapa vamos reciclar a casca do coco para confecção de xaxim, substrato agrícola e fibra bruta. Depois devemos instalar a unidade de artesanato e, numa terceira etapa, a horta comunitária para plantio de mudas”, diz o presidente da cooperativa. Ele calcula que em um ano a cooperativa vai obter o retorno do investimento, orçado em 220 mil reais.

Derivados - Segundo a pesquisadora da Embrapa responsável pelo estudo, Morsyleide de Freitas Rosa, é possível desenvolver diversos produtos de utilidade para a agricultura, indústria e construção civil derivados da casca de coco verde, inclusive substituindo o uso da samambaiaçu na fabricação de vasos e substratos agrícolas para plantas. Tecida em forma de manta, a fibra transforma-se em excelente material para ser usado em superfícies sujeitas à erosão provocada pela ação de chuvas ou ventos.

A primeira unidade de beneficiamento de casca de coco verde do Nordeste, resultado do projeto "Uso da casca de coco verde como forma de conservação da biodiversidade", apresentado no programa de competição global Development Marketplace do Banco Mundial pela Embrapa Agroindústria Tropical foi inaugurada há um ano em Fortaleza (CE). A fábrica emprega cerca de 15 pessoas da comunidade e tem capacidade para processar 30 toneladas por dia de casca de coco verde, que podem gerar em torno de 1.600 toneladas por ano de substrato agrícola.

Morsyleide destaca que os resultados já alcançados estão abrindo várias linhas de atuação complementares. Uma equipe da Embrapa Agroindústria Tropical desenvolveu, experimentalmente, uma manta geotêxtil a partir da casca de coco verde que pode ser utilizada na contenção de dunas e encostas, na recuperação de áreas degradadas e na proteção de margens de cursos de água.

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