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Cooperativas paranaenses pedem cancelamento de leilão de trigo

Até agora, comercialização atingiu apenas 8%


Apoio à comercialização promovido pela Conab atrapalha as vendas feitas pelos produtores; até agora, comercialização atingiu apenas 8%

Com mais de 41% da safra de trigo colhida, os leilões pressionam os preços para baixo, prejudicando os produtores
As cooperativas paranaenses solicitaram ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) a suspensão imediata dos leilões de venda dos estoques públicos de trigo. Na avaliação do setor, a medida é importante para viabilizar a comercialização da safra 2012 e não prejudicar a renda do agricultor. Por meio da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o Mapa publicou os avisos que preveem para amanhã a venda em leilão de 51,7 mil toneladas de cereal existente nos estoques governamentais.


No ofício encaminhado no início da última semana, a Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar) critica o momento escolhido para adoção das medidas de apoio à comercialização, que comprometem a remuneração dos agricultores em plena época de colheita da safra no Paraná. Atualmente os preços médios registrados pela Secretaria Estadual de Agricultura para o trigo paranaense alcançam o patamar de R$ 34,50 a saca, enquanto que os preços mínimos básicos das operações da Conab no Paraná e Rio Grande do Sul são de R$ 22,69 a saca.

O gerente técnico e econômico da Ocepar, Flávio Turra, espera que os leilões sejam suspensos imediatamente pela Conab. ''Com mais de 41% da safra colhida, os leilões pressionam os preços para baixo do valor que vem sendo praticado pelo mercado, prejudicando os produtores'', argumenta. Turra critica o fato de que quando finalmente o trigo encontra liquidez, as medidas do governo atrapalham a comercialização. O gerente da Ocepar lembra que o governo também pode ser prejudicado com a comercialização do cereal porque pode comprometer o volume disponível nos estoques para a entressafra, o que pode causar aumento de preço para o consumidor final no futuro.

O coordenador do departamento técnico e econômico da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep), Pedro Loyola, apoia a iniciativa da Ocepar e alega que os leilões de comercialização deveriam ter sido feitos até agosto, no período de entressafra da cultura. Segundo ele, essa situação já ocorreu em anos anteriores e a política do governo costuma ser de atender à solicitação das entidades paranaenses, suspendendo os leilões. ''Esse é um momento inorportuno para os leilões, que aumentam a oferta de produto no mercado e aumentam a concorrência com o trigo do produtor'', avalia Loyola.


Ontem, a Faep também encaminhou ofício à Conab solicitando o cancelamento do leilão. Segundo a entidade, apenas 8% do trigo da atual safra já foi comercializado. Dados da Conab indicam que os estoques estão abaixo da média dos últimos anos, somando 505 mil toneladas. No mesmo período do ano passado, o estoque público era de 836,6 mil toneladas e, em 2010, chegou a 1,2 milhão de toneladas. A estimativa do Departameto de Economia Rural (Deral) para a safra 2012 é de que a produção paranaense atinja 2,2 milhões de toneladas, sendo que as cooperativas paranaenses são responsáveis por 65% do trigo produzido no Estado. Até o fechamento da edição, a Conab ainda confirmava a realização do leilão. 

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